
Imbra 3 mil funcionários e 26 clínicas em todo país
Nesta semana, os clientes de São Paulo que compareceram a clínicas da empresa de implantes dentários Imbra encontraram as portas fechadas e bilhetes evasivos: na Lapa, a alegação era de problemas de energia elétrica; em Santana, o prédio passaria por manutenção. Mas essas e outras unidades da Imbra não abriram por outro motivo: o atraso nos salários dos funcionários, que decidiram não trabalhar sem pagamento.
Apesar dos problemas, a central de atendimento da companhia agendava novos procedimentos para a semana que vem. O grupo Arbeit, que controla a empresa de implantes dentários, não respondeu aos pedidos de entrevista feitos pelo Estado. Mas enviou nota dizendo que os atrasos nos pagamentos seriam acertados e prometendo a reabertura das unidades — algumas fechadas desde sábado — para hoje.
Entretanto, nas clínicas, funcionários afirmaram que a reabertura poderia ocorrer somente amanhã. Empregados da Imbra dizem que a empresa vem prometendo a solução dos atrasos desde sexta-feira. “Recebemos o último pagamento no dia 6 de agosto”, afirmou uma funcionária. A greve não declarada que fechou unidades paulistanas da Imbra — segundo apurou a reportagem, somente a do Shopping Aricanduva funcionou — é mais um capítulo de uma história conturbada.
Nascida com a proposta de popularizar o tratamento odontológico, a companhia tem seus métodos de venda questionados pelo Procon e pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO). No fim de 2008, o órgão de defesa do consumidor emitiu alerta recomendando cautela na contratação dos serviços da Imbra. Já a entidade de classe a repreendeu publicamente — com publicação de nomes no Diário Oficial da União — e aplicou multas a dentistas que trabalham para a empresa.
Segundo Ideval Serrano, presidente da Comissão de Ética do CRO-SP, os dentistas que trabalham na Imbra e em outras empresas semelhantes ferem o código da profissão por mercantilizarem o tratamento odontológico. “O código de ética proíbe a divulgação de forma de pagamento e de vantagens econômicas”, explica.
Fachada da Imbra, localizado no bairro da Lapa, na zona oeste da capital, que permanece fechada ao público desde o último sábado — Foto: Werther Santana/AE
Reclamações
Entre os clientes da empresa, existem reclamações de tratamentos já pagos e não efetuados. O taxista Marcellus Alexandre Rodrigues compareceu ontem à unidade Imbra da Lapa e encontrou as portas fechadas. Ele pagou em 36 vezes de R$ 172 um plano para a esposa fazer três implantes dentários. Já terminou de pagar, mas nem metade dos serviços prometidos no contrato foi realizada. “Fui atraído pela facilidade de pagamento e acreditei na propaganda do serviço deles”, conta.
Os clientes mais antigos afirmam que a qualidade do atendimento da Imbra piorou ao longo do tempo. Isso fica evidente nos números do Procon sobre a empresa. Entre 2007 e 2008, o número de queixas no órgão contra a empresa passou de 5 para mais de 100. Em 2009, foram mais de 150 reclamações. (Fernando Scheller)
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