A Secretaria de Saúde do Distrito Federal resolveu entrar na polêmica que envolve os cirurgiões plásticos não especializados. Ainda neste mês, o secretário Augusto Carvalho vai se reunir com representantes de entidades médicas para, juntos, tentarem encontrar uma solução. Há no DF, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), quase 200 médicos que realizam intervenções cirúrgicas nessa área. Pelo menos 50 deles, no entanto, atuam sem o devido treinamento. Apesar dos riscos, não há nenhuma lei que os proíba de exercer a atividade.
A opinião do secretário já é conhecida. Em 2003, ainda deputado distrital, ele apresentou um projeto de lei que obrigava a inscrição do profissional na SBCP para atuar como cirurgião plástico. Essa é a garantia de que o médico passou por três anos de estudo na área. Pelo projeto, as clínicas ou hospitais do DF que infringissem a legislação estariam sujeitos a multa e cassação do alvará de funcionamento. A Secretaria de Saúde ficaria responsável pela fiscalização da lei.
No Brasil, realizam-se, em média, 600 mil cirurgias plásticas por ano. Elas são consideradas delicadas e exigem técnicas muitas vezes complexas. “O médico que não é especializado não deve se aventurar a fazer algo para o qual que não foi capacitado”, destacou o segundo secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM) do DF, Luiz Fernando Salinas. A preocupação do CRM e da SBCP se estende às intervenções estéticas, diferentes das cirurgias plásticas (leia quadro). “Muitos médicos buscam o caminho mais curto e esquecem que todo ato médico exige especialização”, reforçou o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília e cirurgião plástico Jefferson Macedo.
A polêmica incomodou o chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Forças Armadas (HFA), Oswaldo Nascimento Júnior. Ele faz intervenções cirúrgicas mesmo sem ser cirurgião plástico e reitera que não há nada de ilícito nisso. “Quem deve operar é quem tem competência para operar e ponto. Vender a idéia de que quem não é membro da SBCP é incompetente beira ao absurdo. O que a sociedade defende se chama reserva de mercado”, disse.
Seis dicas para escolher bem um cirurgião plástico:
1 Não escolha um nome ao acaso.
Converse com pessoas que já tenham feito cirurgia plástica, peça referências e tire todas as suas dúvidas sobre o atendimento do médico, sobre o pré e o pós-operatório e os resultados obtidos.
2 Procure saber se o médico é especialista em cirurgia plástica. Ligue para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica pelo telefone 3346-2300 ou acesse o site www.cirurgiaplastica.org.br/df — na seção “membros”, é possível conferir, por estado, se o profissional em questão está na lista dos associados.
3 Entre em contato também com o Conselho Regional de Medicina (CRM) e pergunte se há algum decisão da entidade contra o médico.
4 Feito isso, marque consulta com, pelo menos, dois médicos e compare opiniões. Privilegie os profissionais que transmitam confiança e segurança, os que deixam claro os riscos envolvidos com a cirurgia e deixam a decisão final para você.
5 Conheça também o local onde será realizada a cirurgia. Cheque se há Unidade de Terapia Intensiva (UTI), aparelhos, medicamentos e infra-estrutura adequada para casos de emergência.
6 Desconfie dos que cobram valores muito abaixo do preço de mercado. Também desconfie de anúncios mirabolantes que prometem resultados fantásticos.
Correio Braziliense
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