Arquivo do dia: janeiro 1, 2010

Carmen Monegal não morreu

Artista foi alvo de boatos, inclusive com notas de pessoas se dizendo da familia. Estas pessoas corrigiram dados biográficos e até agradeceram a nota há alguns meses dada neste blog de que a  atriz estaria morta, uma notícia replicada pela internet

Carmen Monegal, em São Bento do Sul, em Santa Catarina. Foto: Denis Ferreira Netto/AEVejam o que diz o jornal Estado de São Paulo:

SÃO PAULO – A veterana atriz uruguaia Carmen Monegal, que mora em Nova York, nos Estados Unidos, está no Brasil para passar o Natal em família.

Em breve, vai dar uma entrevista ao Caderno 2 de O Estado, para contar sobre seus projetos atuais. Carmen foi alvo de notícias falsas que davam conta de sua morte, na Grécia, em 15 de maio de 2008, o que causou transtornos consideráveis em sua vida pessoal e profissional.

Até hoje consta na internet a notícia de sua morte, e não se consegue mais apurar ao certo como tudo começou. Uma nota foi publicada também no Caderno 2 e repetida neste Portal. Pedimos desculpas à atriz e aos leitores pelo lamentável equívoco.

Em entrevista ao portal estadao.com.br, falando por telefone desde São Bento do Sul, em Santa Catarina, Carmen conta que recebeu a notícia de sua própria morte assim que foi publicada, por meio de seu blog e e-mail, quando recebeu orientação de seu advogado para fechar o blog para comentários. “Imediatamente comuniquei à polícia e ao Google, pois queria que tirassem meu nome da busca do site”, diz.

“De início não achei tão grave”, comenta, mas ao ver a notícia se alastrar cada vez mais pela internet, decidiu agora fazer o caminho inverso e entrar em contato com os grandes jornais brasileiros. Segundo a atriz, “os jornais estrangeiros publicaram o desmentido logo em seguida; aqui deveria ter feito o contrário do que fiz”, lamenta.

A atriz Carmen Monegal, em cena da novela ‘Helena’, da extinta TV Manchete. Foto: Arquivo/AE

Apesar de ter nascido em Montevidéu, no Uruguai, Carmen fez sua carreira artística no Brasil, atuando na televisão, no cinema e no teatro por cerca de 19 anos. A atriz fez sucesso na TV dos anos 70 e 80, época em que as novelas faziam parte da programação de praticamente todos os canais da TV aberta, a única que existia, por sinal. Entre as produções de maior destaque, A Moreninha, na Globo, uma novela das seis escrita por Marcos Rey e dirigida por Herval Rossano em 1975-76 e Floradas na Serra, minissérie baseada no clássico romance de Dinah Silveira de Queiróz, adaptada para a TV Cultura por Geraldo Vietri, em 1981. Trabalhou ainda na Bandeirantes e nas extintas Tupi e Manchete, onde fez uma de suas últimas participações em novelas: Helena, adaptação do romance de Machado de Assis feita por Mário Prata, Dagomir Marquezi e Reinaldo Moraes, com direção dos agora globais Denise Saraceni e Luiz Fernando Carvalho, em 1987 – pouco antes de se mudar para os Estados Unidos. No cinema, atuou em Beto Rockfeller (1970) e Jeca e Seu Filho Preto (1978).

No Brasil, Carmen ainda estudou filosofia e teologia na PUC de São Paulo, interesses que a fizeram montar o The Pilgrim Gospel Theatre. “Há 18 anos peregrino com o teatro, andando de cidade em cidade. Recentemente estivemos no sul da França, vamos muito aos países nórdicos, à Grécia, ao Chile”. Como o nome sugere, trata-se de uma peregrinação teatral que divulga textos do evangelho. Segundo Carmen, a ideia surgiu da tradição de contar histórias de New England, região nordeste dos Estados Unidos, que guarda influências da colonização britânica e é uma região onde Carmen trabalha boa parte do tempo quando está nos Estados Unidos. “A gente divulga as escrituras sagradas e as profecias que se cumprem com o tempo… A Bíblia é o livro mais vendido do mundo”, justifica. O grupo teatral é formado em cada ponto de parada e o núcleo é composto por ela e seu produtor, o advogado americano John Kostner.

No momento, em São Bento do Sul, a atriz se dedica à escrita de seu quinto livro. Depois de ter escrito prosa elogiada por Otto Lara Resende e poesia, por Ferreira Gullar, Carmen Monegal pretende lançar um livro sobre teologia, Duração Ordinária da Vida n.º 3, e a despeito do título, provar que está bem viva e trabalhando mundo afora.

Estadao

Li gostei e colei: Boris Casoy, o filho do Brasil

Uma parte da nossa esquerda política imagina que os ricos não são brasileiros. Pensam que eles ainda são os filhos de uma elite que estudou na Europa e que, se o Brasil for mal, irá embora daqui. Imagina que são pessoas completamente por fora da vida cotidiana do Brasil. Essa visão da esquerda pouco ajuda. Enquanto não entendermos que um homem de direita como Boris Casoy é tão “filho do Brasil” quanto Lula, não vamos descrever o Brasil de um modo útil para os nossos propósitos de melhorá-lo.

Creio que o vídeo (aqui) que mostra Boris ridicularizando de maneira odiosa os garis, com o qual iniciamos o ano, deveria valer de uma vez por todas para compreendermos algo que, não raro, há vozes que querem negar: “o ódio de classe” permanece entre nós – sim, nós os brasileiros. Deveríamos levar em conta isso, sem medo, ao descrever o Brasil.

Quando Ciro Gomes, ao comentar algumas reações às políticas sociais, então vindas de determinados grupos da imprensa, disse que tal coisa era obra “da elite branca”, a reação da direita foi imediata. Um dos elementos mais à direita que temos na imprensa brasileira, Reinaldo de Azevedo, saiu rasgando o verbo. Primeiro, elogiou Patrícia Pillar, atriz mulher de Ciro, para não criar desafetos, e em seguida tratou o político como um bobalhão que teria falado de algo que não existe no Brasil. Ciro teria bebido demais em algum rortianismo, lá nos Estados Unidos, quando então fez curso arrumado por Mangabeira Unger. Voltando de lá mais à esquerda do que foi, estaria inventando divisões que aqui não existiriam. Reinaldo não é um jornalista sofisticado para escrever isso, mas o que disse, no meio de sua pouca cultura, queria transmitir essa idéia.

Mas quando ouvimos o que um Boris Casoy diz por detrás das câmeras, não temos como não admitir que Ciro está certo: existe uma “elite branca” no Brasil que sente profundo desprezo para com tudo que é do âmbito popular. Pode ser que vários membros dessa “elite branca” não sejam tão cruéis quanto Casoy. Pode ser, mesmo, que vários dos ricos que estão nessa “elite branca” se sintam desconfortáveis, perante os preceitos cristãos de humildade que dizem adotar, quando escutam isso que ouvimos de Boris Casoy. Todavia, o que Casoy falou  é o que se pode ouvir, entre um uísque e outro, nas festas antes organizadas pelo empresariado que amava da Ditadura Militar, e que hoje é feita para angariar fundos para o  PSDB, o partido que havia nascido com o propósito de não ser a direita política, mas que, agora, assume esse papel.

Não quero de modo algum, com esse artigo, provocar aqueles que, sempre pensando só de modo dual, logo dirão: “ah, mas a esquerda é blá, blá, blá”. Sou um homem de esquerda. Minha condição de filósofo me dá alguns instrumentos para analisar de onde venho. Podem ficar tranqüilos. Aliás, sou uma pessoa que adora a frase de Fernando Henrique Cardoso, quando ele disse, se referindo a ele mesmo por conta de acreditar que sua política econômica, ela própria, já era política social: “não é necessário ser burro para ser de esquerda”. Mas aqui, não quero falar da esquerda. Quero mostrar que gente como Boris Casoy não caiu no Brasil vindo de Plutão. Muito menos estudou na Europa. Gente como Boris Casoy estava no Mackenzie, fazendo curso superior, mais ou menos no tempo em que Lula deveria estar vendendo limão na rua. Isso não transforma o Lula em um bom homem e o Boris em um perverso. Mas isso dá, claramente, razão a Ciro Gomes: há sim uma “elite branca” que não respeita garis, que não os acham gente, e que transferem esse ódio ao Lula, principalmente quando olham para ele e o vêem sendo abraçado por um Sarkozi, na capa do Le Monde.

Sarkozi é o presidente da França. E não é de esquerda. Eis então que toda a direita no Brasil comemorou sua eleição. Todavia, Sarkozi aparece abraçado com Lula, sem o preconceito de classe que vários dos próprios brasileiros ainda possuem contra Lula, então, esse fato Lula-Sarkozi, deixa essa “elite branca” despeitada. Ela se pergunta, raivosa: “por que não FHC ou Serra?” Por que aquele “analfabeto”, por que ele, aquele … “gari”? Sim, a fala de Boris é o equivalente dessas frases que eram, até pouco tempo, restritas aos círculos da Ana Maria Braga, Regina Duarte, José Neumanne Pinto e Danusa Leão. Foram esses círculos que fingiram se espantar com o relato de César Benjamim, sobre Lula na prisão. (a história de que Lula teria tentado comer um garoto lá). Fingiram, sim, pois já haviam escutado isso em festinhas e riam disso, tratavam de fazer correr a fofoca, sendo ela verdadeira ou não.

Caso queiramos melhorar o Brasil, vamos ter de ver que os brasileiros – muitos – pensam como Boris Casoy. E atenção nisso: não vamos culpá-lo pelos seus cabelos brancos não! Mainardi, na Globo, ainda não tem cabelos brancos e pensa a mesma coisa. Na Band, vocês já viram o tipo de preconceito de classe contra pobres que aparece no CQC? Já viram o menino Danilo Gentili insultando os pobres, jogando comida para eles? Não? Pois saibam que isso ocorreu sim! Esse tipo de humor é necessário?

Estamos há duas décadas da “piada” de Chico Anísio contra Lula, dizendo que se Marisa fosse a primeira dama e fosse morar no Planalto, ficaria esgotada ao ver quantas janelas de vidro teria de limpar. Naquela época, a Globo fez Chico Anísio pedir desculpas em artigo na imprensa. E ele pediu! De lá para cá, o que mudou na TV brasileira? Ora, o vídeo de Boris Casoy nos diz que pouca coisa mudou. Que ainda precisamos de muito para evoluirmos. Temos uma longa caminhada pela frente no sentido de educar  aquele brasileiro que não consegue entender que o dia que um lixeiro parar, ele, o rico, vai ver todas as moscas botarem ovos no seu ânus, e quando ele acordar, ele terá sido devorado em vida pelos vermes. Estamos ainda precisando de uma forte pedagogia que entre nas escolas de modo a evitar que os brasileiros do futuro sejam os Casoys da vida.

As pessoas podem ser de direita, isso não deveria implicar em perder a capacidade de ver na condição social de concidadãos algo que não os desmerece (o bom exemplo não é, enfim, o próprio Sarkozi?). No Brasil, no entanto, a direita política não consegue apresentar um comportamento de brasileiros que gostaríamos que todos nós fôssemos, ou seja, pessoas capazes de ver em cada outro que lhe presta um serviço um homem digno.

Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo.

http://ow.ly/RLsW

Boris Casoy diz gafe e humilha garis ao vivo

Isto é uma vergonha!!!!

No “Jornal da Band” do último dia 31, o âncora Boris Casoy passou por uma bela “saia justa”. Durante o programa, após as felicitações de Ano Novo de uma dupla de garis, o jornalista não percebeu que o microfone estava aberto e falou o que pensava.

“Que merda!, dois lixeiros desejando felicidades… do alto de suas vassouras… dois lixeiros… o mais baixo da escala do trabalho…”, disse Boris Casoy.

O apresentador, por meio da assessoria de imprensa da Band, reconheceu a ofensa que cometeu contra os garis e prometeu se retratar durante a edição de hoje (1) do programa.

“Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”, afirmou Boris Casoy em um breve comentário.

Veja abaixo o vídeo!