A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) vai fazer uma paralisação nacional por duas horas, no próximo dia 29, em apoio à greve dos policiais civis em São Paulo. Segundo a entidade, a paralisação terá início às 14 horas.
O motivo da paralisação por tempo indeterminado da PC é em protesto aos salários baixos, falta de condições de trabalho e demais desrespeitos à classe. De acordo com a ADEPSP (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), os agentes fazem as reivindicações e não são ouvidos pelo Governo. Os policiais não teriam reajustes significativos nos salários há 13 anos e a defasagem chegaria a 200%. De acordo com a entidade, um delegado em início de carreira em São Paulo tem salário de R$ 4.000, enquanto que o mesmo cargo em Brasília chegaria a R$ 10.000 e, no Mato Grosso, a R$ 8.000. Um investigador em início de carreira tem salário de R$ 1.200.
Na última quinta-feira, os policiais civis paulistas que estão em greve há mais de um mês, entraram em confronto com policiais militares próximo ao Estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo. A intenção dos policiais civis era fazer uma passeata até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Entretanto, as ruas ao redor do Palácio foram bloqueadas pelos policiais militares, já que a área é considerada de segurança e é proibido fazer manifestações no local. Os manifestantes tentaram furar o bloqueio dos policiais militares e prosseguir com a passeata, mas foram contidos com bombas de gás lacrimogênio. Na confusão, os policiais trocaram tiros com balas de borracha e dezenas de pessoas ficaram feridas.
Na sexta-feira, o governador José Serra lamentou o confronto, mas disse que não há crise entre as Polícias Civil e Militar no estado. “Os comandos da polícia estão muito unidos tanto da militar quanto da civil e da científica. Foi um conflito localizado, inclusive com manifestantes em número muito limitado: temos 35 mil policiais efetivos e ontem não havia mais de mil”. “Uma coisa é reivindicação. E outra é fazer reivindicação armada.”
Serra voltou a dizer que o confronto ocorrido entre policiais civis e militares teve motivação política e que teria sido convocada pelo presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva. “O evento de ontem (quinta-feira) foi programado e proposto, inclusive como forma de organização, por um desses líderes, que é o Paulinho da Força Sindical”, disse o governador.
O deputado Paulo Pereira da Silva respondeu às acusações feitas pelo governador. Segundo ele, a culpa pelo confronto é de Serra, “que paga o pior salário do Brasil”.
GM