Morreu na quarta-feira (22) o empresário Assis Paim Cunha, dono da antiga rede de eletrodomésticos Brastel ( “Tudo a preço de Banana!”. Segundo sua família, ele sofreu um ataque cardíaco em Miguel Pereira, no Centro Sul Fluminense. Paim Cunha completou 80 anos no dia 12 de outubro. O corpo foi velado na Câmara de Vereadores de Vassouras e enterrado no Cemitério municipal de Vassouras.
Assis Paim ganhou notoriedade com o escândalo Coroa-Brastel. Em 1983, o empresário tinha mais de 200 milhões de dólares com a rede de eletrodomésticos Brastel e a corretora Coroa. Pivô do escândalo, Paim perdeu a fortuna, mas jurava inocência. O empresário, que ergueu um império de US$ 1 bilhão na década de 70, foi à lona depois de comprar uma corretora quebrada à beira da intervenção federal. Paim, que acusava o governo de ter armado contra ele oferecendo vantagens para que comprasse a corretora, perdeu toda sua fortuna, algo em torno de R$ 4 bilhões em valores atualizados. Depois de mais de duas décadas tentando recolher documentos para provar sua inocência, o empresário moveu uma ação contra o governo por perdas e danos morais. Sonhava em ver seu dinheiro de volta e melhorar um pouco de vida.
O escândalo
O caso Coroa-Brastel foi aberto pela Justiça em 1985, quando uma denúncia chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o empresário e contra dois ministros, Delfim Neto (Planejamento) e Ernane Galvêas (Fazenda).
Os ex-ministros eram acusados de desviar irregularmente recursos públicos na liberação de empréstimo da Caixa Econômica Federal ao empresário em 1981.
O empréstimo de, na moeda da época, cruzeiros – Cr$ 2,5 bilhões -, seria utilizado no reforço de capital de giro do grupo e no plano de expansão da Brastel. Segundo a denúncia, o dinheiro teria servido para quitar dívidas junto ao Banco do Brasil e ao Banespa.
O caso foi a julgamento em 94. A denúncia contra Galvêas foi rejeitada. Já a acusação contra Delfim, então deputado pelo PPR-SP, não chegou a ser examinada. A Câmara negou licença ao STF para processá-lo.
Versão de Paim Cunha
Paim Cunha costumava dizer que passou mais de 20 anos tentando limpar o seu nome, apontando para funcionários do governo federal que o teriam obrigado a comprar um corretora em dificuldades, a Laureano, o que teria contribuído para a ruína da sua rede de eletrodomésticos, a Brastel , e o braco financeiros do grupo, a corretora e o banco de investimentos Coroa.
Na versão de Paim, ele teria sido obrigado a comprar a Laureano, que estava em dificuldades, para ficar livre de limitações impostas ao financiamento de compras a prazo na Brastel, que, então, seria a maior rede de eletrodomésticos do país em volume de vendas. Na época, início dos anos 80, o regime militar já dava sinais de exaustão.
A liquidação do grupo empresarial Coroa-Brastel se prolongou por mais de duas décadas, enquanto Paim passou levar uma vida modesta, primeiro no Rio, e depois em Miguel Pereira.
Ele contava que sobrevivia graças uma pensão da previdência social e a renda do aluguel de três imóveis. Os 34 mil investidores prejudicados na quebra do Coroa-Brastel jamais tiveram seu dinheiro de volta.
G1
Curtir isso:
Curtir Carregando...