Arquivos de tags: tabaco

Tabaco energético é nova aposta para o mercado de biocombustíveis

Sunchem South Brazil cultiva tabaco energético em lavoura experimental em Rio Pardo (RS)

Transformar sementes de tabaco em energia pode ser uma fonte de receita alternativa para os fumicultores, acossados por campanhas contra o produto que fornecem. A Sunchem South Brazil, joint venture da italiana Sunchem com a gaúcha M&V Participações, busca investidores para o cultivo de uma variedade da planta desenvolvida e patenteada pela sócia na Itália, sem nicotina e inútil para a fabricação de cigarros, mas rica em óleo para produção de biocombustíveis.

Controlador da M&V, o engenheiro químico Sérgio Detoie Cardoso diz que o plano inclui o plantio do “tabaco energético” em sistema de integração com os agricultores locais, em cerca de 20 mil hectares em cinco anos e 50 mil em dez anos, além da usina de extração do óleo.

A expectativa é que sejam colhidas seis toneladas por hectare na lavoura experimental, que fica no Rio Grande do Sul.

Mais resistente, a espécie é capaz de passar por períodos de falta de chuva e geada, como ocorreu em julho no Estado. O mau tempo não foi suficiente para frustrar o produtor Nelson Tatsch, que acompanha a lavoura de perto.

– O tabaco energético tem uma grande capacidade de rebrotar. Observamos isso quando caiu geada e a planta praticamente morreu. Se fosse o outro tabaco, acho que não teria volta e essa rebrotou e a lavoura que nós temos aqui é uma brotação. Já é algo muito importante, comprovamos a rusticidade dessa variedade – afirma o produtor.

A colheita é feita manualmente. Diferente do tabaco convencional, onde são retiradas as folhas, no tabaco energético, o principal é retirar os cachos da planta. Eles contêm uma espécie de cápsulas que têm aproximadamente cinco mil sementes que produzem de 30% a 40% de óleo vegetal.

– Esse óleo é bem superior a outras culturas, por exemplo. A soja tem capacidade de produção de 16,17% e a do tabaco energético é 30,4%. O dobro – explica Tatsch.

Cigarro mata 200 mil pessoas por ano no Brasil

Apesar dos números alarmantes de mortes decorrentes do tabagismo – cerca de 200 mil pessoas são vítimas do tabaco todos os anos no Brasil e mais de 5 milhões morrem no mundo – no próximo Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio, há motivos para comemorar. Isso porque, segundo dados do Ministério da Saúde, houve queda de 43,4% no consumo de cigarros no Brasil em 20 anos.

Entre os jovens, o índice foi ainda maior: existem 50% menos jovens fumantes do que em 1990. De acordo com estudo divulgado em 2009, o Vigitel, 14,8% dos jovens entre 18 e 24 anos tinham o hábito de fumar em 2008, contra 29% em 1989. O índice nacional é de 16,1%.

Foco nas mulheres
Neste ano, o tema do Dia Mundial Sem Tabaco escolhido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é “Gênero e tabaco com uma ênfase no marketing para mulheres”. O foco da campanha é coibir o apelo de marketing da indústria do tabaco para aumentar a comercialização de cigarros entre o sexo feminino.

Dados da entidade revelam que o número de mulheres fumantes é relativamente menor que o dos homens. Estima-se que entre 1 bilhão de fumantes no mundo, apenas 200 milhões são mulheres. Elas são, portanto, uma grande possibilidade de expansão do mercado consumidor de produtos de tabaco.

Dos mais de 5 milhões de pessoas que morrem a cada ano pelo uso do tabaco, cerca de 1,5 milhões são mulheres. A menos que sejam tomadas medidas urgentes, o uso do tabaco poderá matar mais de 8 milhões de pessoas até 2030, dos quais 2,5 milhões serão mulheres. Cerca de três quartos dessas mortes poderão ocorrer em mulheres de baixa renda e nos países de renda média.

“As mulheres ainda são minoria, mas em cerca de 20 anos o número de mulheres fumantes dobrou”, revela o primeiro-secretário da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), Oscarino Barreto. Segundo ele, a progressiva inserção da mulher no mercado de trabalho e na sociedade pode ter contribuído para o aumento no índice. “Observamos também que mais mulheres estão desenvolvendo câncer nos últimos anos e isso pode ter relação direta com o cigarro”, aponta.

Campanhas ajudam a deixar o vício
Para o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo), Cid Carvalhaes, campanhas como o Dia Mundial Sem Tabaco ajudam os fumantes a largar o vício e procurar ajuda médica.

“Antigamente, nos filmes dos anos 40 e 50, praticamente todos os personagens fumavam, empregando ao cigarro um status importante no comportamento. Hoje em dia, fumar virou politicamente incorreto”, explica o médico. Outra contribuição são as leis que proíbem o fumo em ambiente fechados e públicos.

O Estado de São Paulo sancionou a Lei Antifumo em agosto do ano passado. A medida acompanha uma tendência internacional de restrição ao fumo, adotada em cidades como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires. “A lei estadual ajudou muito, porque no primeiro momento ninguém queria levar multa. Gradualmente as pessoas perceberam os benefícios de um ambiente livre do cigarro”, diz Carvalhaes.

Apesar das campanhas, largar o cigarro não é fácil. Um estudo da OMS apontou que, em média, os efeitos do tabaco no organismo só desaparecem após 20 anos do fumante largar o vício. “Se as pessoas soubessem o que o cigarro causa no nosso corpo, certamente nunca chegariam perto do tabaco”, afirma o presidente do Simesp.

Entre os problemas de saúde estão dificuldade circulatória, inflamações nas artérias, infarto agudo do miocárdio, obstrução das artérias cerebrais, câncer de pulmão e doenças pulmonares graves, como o enfisema pulmonar. O Brasil gasta cerca de 5 bilhões com doenças decorrentes do cigarro todos os anos.

Dicas para parar de fumar
Deixar de ascender um cigarro é difícil, mas não uma missão impossível. “O principal é a vontade do fumante em parar. A família, nessa hora, é fundamental no sentido de dar apoio à decisão”, garante Oscarino Barreto.

O médico separou algumas dicas que ajudam o fumante em sua luta diária:
– Fumar o primeiro cigarro do dia o mais tarde possível;
– Evitar fumar último cigarro do dia perto da hora de dormir;
– Evitar fumar após o café (não há relação científica entre nicotina e cafeína, mas há uma questão cultural no hábito de ascender o cigarro após a ingestão do café);
– No momento em que atingir a meta de 10 cigarros por dia, parar completamente de fumar.

Caso o fumante não consiga largar o vício sozinho, deve procurar seu médico e tentar frequentar grupos antitabagismo. “Nestes grupos são fornecidos chicletes e adesivos de nicotina que ajudam, além do apoio psicológico”, destaca Barreto.

Angela Martins/Reporter Diário

Cigarro terá imposto maior

O Ministério da Fazenda propôs ao presidente Lula aumentar o imposto sobre a venda de cigarros para compensar parcialmente a queda de arrecadação de tributos.
A proposta foi discutida ontem e anteontem com Lula. A tendência é ser aplicada, segundo apurou a Folha SP.

A arrecadação de tributos vem caindo por causa da crise (menor atividade econômica) e por desonerações (isenções e reduções de impostos) para determinados setores da economia. Para minimizar essa queda, a Fazenda deseja aumentar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cobrado na venda de cigarros.

Auxiliares do presidente argumentam que o preço do cigarro no Brasil é baixo em comparação com outros países. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, tem feito campanha interna no governo para aumentar o preço. Sem aumento, a expectativa é arrecadar R$ 3 bilhões em impostos sobre cigarros neste ano.

A indústria do fumo alega que elevar a taxação do setor estimularia o contrabando de cigarros de países vizinhos, como o Paraguai. Mas a equipe econômica avalia que esse não é um argumento razoável, porque eventual contrabando tem de ser combatido. Mais: o comércio ilegal não daria conta de abastecer o consumo no país.

Outro argumento da indústria do fumo: aumentar o preço do cigarro elevaria a inflação. Como a crise tem contribuído para evitar ameaça inflacionária, seria uma boa hora, crê a equipe econômica, para aumentar a cobrança de imposto sobre a venda de cigarros.
Do ponto de vista do discurso político, aumentar o imposto do cigarro seria apresentado como uma medida necessária para ajudar o país num momento de crise e ao mesmo tempo tentar desestimular um hábito prejudicial à saúde.

KENNEDY ALENCAR

%d blogueiros gostam disto: