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Acordo para redução de sódio dos alimentos

O Ministério da Saúde e as indústrias de alimentos firmaram acordo para reduzir a quantidade de sódio nos alimentos. A diminuição será gradual em 16 tipos de alimentos e começa já a partir do ano que vem e vai até 2020.

Médico nutrólogo analisa 7ª edição do Dietary Guidelines for Americans, do USDA.

As diretrizes para alimentação saudável, do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Sáude, precisam ser reformuladas para entrar em acordo com as necessidades nutricionais atuais do País. Essa é a opinião da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), após analisar a 7ª edição do Dietary Guidelines for Americans, com as recomendações para a alimentação, elaboradas pelo Departamento de Agricultura Americano (USDA, na sigla em inglês) e pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS). A publicação é atualizada a cada cinco anos, baseada em evidências para promover a saúde nutricional, reduzir o risco de doenças crônicas e obesidade.

Segundo o Dr. Carlos Alberto Werutsky, médico nutrólogo e diretor da entidade, existem diferenças entre os focos das duas diretrizes. “O USDA dá ênfase na prevenção e controle da obesidade, diabetes e hipertensão, enquanto a política de alimentação brasileira ainda contempla a desnutrição, a anemia e a hipovitaminose A”, comenta. Para ele, essa política nacional é bem elaborada, mas precisa de mudanças. “Existem pontos a alterar, pois a população subnutrida está dando lugar à população obesa, e essa transição do estado nutricional no Brasil já é sinalizada desde a década de 80 pelo IBGE”.

“Nos EUA a obesidade já passa dos 30%, enquanto no Brasil está ao redor dos 15%”, observa o médico. O relatório norte-americano está baseado em resultados que mostram que a maioria dos adultos e uma em cada três crianças apresenta sobrepeso ou obesidade. Legumes, frutas, grãos, produtos lácteos sem gordura ou com baixo teor de gordura e frutos do mar são as recomendações principais. Além disso, reduzir consumo de sódio, gorduras saturadas e trans, açúcares e grãos refinados é essencial, segundo o USDA.

O especialista também acredita que, no Brasil, falta fiscalização para alimentos e produtos que contrariam a proposta saudável e que possuem altos teores de sal, açúcar e gordura trans, por exemplo, mas continuam sendo fabricados e comercializados normalmente. “Há necessidade de tornar mais acessível à população de baixa renda os cereais integrais, frutas, verduras e hortaliças variadas e laticínios com baixo teor de gordura”, esclarece.

Para USDA, vegetarianismo favorece dieta saudável -Um dos pontos das novas diretrizes dos EUA indica um consumo moderado de carne e aponta que os vegetarianos têm apresentado melhores resultados na saúde. Segundo o especialista, de fato, há estudos que associam os vegetarianos à níveis de IMC (índice de massa corpórea) saudáveis, a um menor risco de hipertensão e doenças cardiovasculares. Ele salienta, no entanto, que isso pode ter relação com o fato dos vegetarianos serem mais regrados com a alimentação. “A epidemia da obesidade no mundo é resultado do alto consumo de gordura saturada e açúcares ou, ainda, pela dificuldade da maioria das pessoas com obesidade em fazer dieta”, ressalta.

O Dr. Werutsky explica que somos dotados para metabolizar alimentos de origem animal. Ele cita a “Lei da Harmonia”, que é uma das Leis da Alimentação e implica na necessidade de proporção entre os nutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas), segundo a exigência do nosso metabolismo. “É muito mais rápido armazenar e gastar energia através de gorduras e carboidratos, do que recuperar tecidos, como fibras musculares, cabelo e pele, por exemplo, através das proteínas. Para recuperar essas estruturas proteicas, o vegetariano precisa consumir uma maior quantidade de proteínas vegetais, para compensar a menor qualidade proteica em relação à proteína animal”.

“A necessidade do organismo de um adulto é de 50 a 60% de carboidratos, para 15% de proteínas, preferencialmente de alta qualidade, ou seja, de origem animal, como as carnes. Inverter essa proporção pode, por exemplo, causar aterosclerose. A falta de proteína da carne também pode gerar carência de vitamina B12 e creatina muscular, que é a reserva energética para o trabalho de explosão muscular”, afirma o médico. Ele ainda assegura que a recomendação de gordura saturada é de 10% do total de 30% de gorduras a serem consumidas numa dieta saudável, não sendo prejudicial nessa proporção.

Médico nutrólogo dá dicas simples e básicas para hábitos saudáveis: .Aproveite o alimento, mas coma em menor quantidade, evitando porções grandes. |. Os alimentos industrializados devem complementar a alimentação preferencialmente “in natura”|. Coma frutas, verduras e legumes. |. Altere o consumo de leite integral para o desnatado ou semidesnatado, com menor teor de gordura. |.Compare o sódio dos alimentos como sopas, pães ou refeições congeladas. |. Beba água no lugar de bebidas açucaradas. |.Pratique atividade física regular.

Perfil-A ABRAN é uma entidade médica científica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Fundada em 1973, dedica-se ao estudo de nutrientes dos alimentos, decisivos na prevenção, no diagnóstico e no tratamento da maior parte das doenças que afetam o ser humano, a maior parte de origem nutricional. Reúne mais de 3.200 médicos nutrólogos associados, que atuam no desenvolvimento e atualização científica em prol do bem estar nutricional, físico, social e mental da população.

Saúde: precisamos reduzir o consumo de sal

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) está realizando uma campanha para reduzir o consumo de sal no país. O produto consumido em excesso agrava o estado de saúde dos hipertensos e pode causar complicações, como derrames. De acordo com a entidade, a hipertensão atinge cerca de 30% da população.

Segundo o diretor de Promoção Social da SBC, Dikran Armaganijan, uma das medidas defendidas pela entidade é a mudança nos rótulos dos alimentos industrializados, que deveriam substituir o termo cloreto de sódio pelo nome popular: sal.

Uma pesquisa da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, promovida com pacientes hipertensos atendidos no Hospital Dante Pazzanese, constatou que 93% deles simplesmente desconhecem a diferença entre sal e cloreto de sódio.

Armaganijan destacou ainda que a quantidade de sódio precisa ser multiplicada por 2,5 para corresponder ao total de sal presente no alimento. Para o médico, essa alteração nos rótulos é importante devido a grande quantidade de sal presente nos alimentos industrializados. “A indústria brasileira mantém uma quantidade excessiva de sal nos alimentos. E nós, brasileiros, não estamos acostumados a ler a composição dos produtos.”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu novas normas para as propagandas dos produtos com grande quantidade de açúcar, sódio e gordura saturada ou trans (gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou industrial). As empresas têm seis meses para apresentar alertas nas propagandas sobre os riscos do consumo excessivo.

A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) reagiu à determinação da Anvisa e prometeu questionar a resolução judicialmente. Segundo a entidade, o consumo excessivo de alimentos possivelmente prejudiciais “é muito mais reflexo dos hábitos alimentares da população do que da composição dos produtos industrializados”.

Além de pressionar a Anvisa sobre a necessidade das mudanças nos rótulos dos alimentos, a SBC vem promovendo várias ações de conscientização. Um exemplo são os dias temáticos de combate à hipertensão, onde os médicos medem a pressão da população em locais públicos e alertam sobre os perigos da pressão alta. “Eu acho que essas comunicações constantes devem alertar a população a se interessar um pouquinho mais”, disse Armaganijan.

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