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O Poeta Sujo faz 80 anos

O poeta Ferreira Gullar completa 80 anos nesta sexta-feira, dia 10 de setembro. Além das comemorações óbvias previstas para marcar a data, ele festeja o lançamento de Em Alguma Parte Alguma (Editora José Olympio, 144 págs, R$ 30), o primeiro livro de poemas inéditos em 11 anos. Dividido em quatro partes, o volume consolida Gullar como um dos mais importantes autores brasileiros.

Nesta obra com 59 poemas, o autor fala de diversos temas, entre eles, arte, universo, exílio, e um dos seus preferidos: frutas podres. Desta vez, a banana ganha destaque.

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Neste momento emblemático da vida Ferreira Gullar torna-se cada vez mais nova. Segundo o autor, seus escritos nascem do espanto, do inesperado, como sentir o cheiro de um jasmim ou esbarar em um móvel. Esta espontaneidade e outras características do poeta são analisadas por Antonio Carlos Secchin e Alfredo Bossi em dois textos críticos.

— Neste arrebatador Em Alguma Parte Alguma pulsa a urgência da vida, por meio de um olhar que se lança tanto microscopicamente à textura espessa das frutas condenadas ao apodrecimento, quanto telescopicamente à solidão esquiva e silenciosa do cosmo — analisa Antonio Carlos Secchin, poeta, professor, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos maiores especialistas da obra de Gullar.

Grande atração na última Festa Literária de Paraty, a Flip, Gullar arrancou aplausos e gargalhadas da plateia ao recitar parte de Reflexão sobre o osso da minha perna: o osso / este osso / (a parte de mim mais fura e a que menos dura) / é a que menos sou eu?”.

Já em Off Price, a irreverência dá lugar à crítica ao mercado: “Que a morte me livre do mercado / e que me disse / continuar fazendo (sem o saber) / fora do esquema / meu poema / inesperado”.

O autor do célebre Poema Sujo segue com arrebatadora criatividade suas reflexões sobre a vida e mostra porque é considerado o maior poeta brasileiro vivo. Nestes últimos anos, a obra de Ferreira Gullar, já consagrada pela crítica e pelos leitores, foi homenageada com prêmios de alta significação na vida cultural, como o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, e, este ano, com o Prêmio Camões, a mais alta distinção que se concede a escritores de língua portuguesa. Gullar foi também indicado para o Prêmio Nobel de Literatura, em 2002 e 2004.

Carreira

Ferreira Gullar nasceu em São Luís, Maranhão, em 1930. Em 1950 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em jornais e revistas e vive até hoje. Em 1954, publicou um dos livros mais discutidos de sua geração, A Luta Corporal. No início dos anos 1960, passou a escrever poesia de participação social. Por motivos políticos morou fora do país de 1971 a 1977.

Vários de seus livros já receberam os mais importantes prêmios de literatura, inclusive seus poemas para crianças. Poema Sujo (1976) é considerado um marco na literatura brasileira e foi traduzido para diversas línguas. Destacou-se também como crítico de arte e roteirista de televisão. Sua poesia é lírica, participativa, de profunda preocupação com o ser humano.

DIÁRIO CATARINENSE

Olimpíada: poesia de jovem do MST

O MEC coloca no ar um anúncio, nos próximos dias, que deve causar arrepios nos adversários do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

No poema , o jovem Vinicius Pereira, terceiro colocado no concurso “Escrevendo o Futuro”, do ano passado, conclama jovens a se inscreverem na Olimpíada de Português que está sendo promovida pelo governo federal em todo o país.

Na propaganda, o ator Jonas Bloch declama “Meu pequeno recanto”, a poesia premiada de Vinicius, que mora num acampamento do MST em Uberaba. Outra vencedora do concurso, Carla Xavier, do Glicério, no Rio de Janeiro, escreveu sobre uma represa da região em que vive e também estrelará uma propaganda.

A poesia de Vinicius: “Moro num acampamento/ Chamam a gente de assentados/ No lugar tem muitas pessoas, lá fomos colocados/ Não conhecemos os luxos da vida, só conhecemos a humildade/ Sem falar no preconceito que tem a sociedade/ Para muitos somos sem-terra, e não pessoas de bem(…)/ Vamos assim vivendo, não deixamos de lutar/ Sem luta não conseguiremos o futuro melhorar/ Quando ganharmos a terra, donos dela vamos ser/ Poderemos então plantar, enfim tudo colher/ Sou menino, sou poeta/ E nesses versos eu canto/ A minha história de vida no meu pequeno recanto”

MB

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