FUSÃO: Ponto Frio e Casas Bahia terão que vender lojas em 54 cidades

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (17), com restrições, a associação entre as redes Ponto Frio e Casas Bahia, anunciada em 2009. A fusão levou o Grupo Pão de Açúcar (cuja razão social é Companhia Brasileira de Distribuição – CBD), dona da Casas Bahia e Extra, à liderança do mercado de varejo no Brasil.

A decisão foi possível após um acordo em que as empresas aceitaram vender parte de suas lojas em 54 cidades do país, sendo 25 delas em São Paulo e 15 no Rio de Janeiro, onde o Cade avaliou que a operação traria riscos à concorrência no setor.

No mesmo processo, o conselho também aprovou, dessa vez sem restrição, a compra de 70% da Globex, holding que atua sobre a marca Ponto Frio, pela Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), e que permitiu a fusão entre Ponto Frio e Casas Bahia.

Concentração
A análise feita pelo Cade apontou que, unidas, Ponto Frio e Casas Bahia concentram poder de mercado superior a 40% em pelo menos 117 cidades do país. Desses, foi verificado que a fusão traria riscos à concorrência em 54.

Para evitar problemas, como aumento de preços gerado pela concentração de mercado, o conselho condicionou a aprovação do negócio à venda de parte das lojas do grupo nesses 54 municípios. Essa medida visa garantir a concorrência nesses locais.

O conselheiro relator do processo, Marcos Paulo Verissimo, não divulgou quais são as cidades onde o grupo vai ter que reduzir sua participação de mercado nem quantas lojas precisarão ser vendidas.

De acordo com Verissimo, esse conjunto de ativos é responsável por um faturamento anual de R$ 900 milhões – pouco mais de 2% do faturamento anual do grupo em 2008, que foi de cerca de R$ 40 bilhões.

Multa
O Cade anunciou ainda nesta quarta que aplicou multa de R$ 1 milhão contra a Via Varejo, empresa que surgiu da fusão entre Casas Bahia e Ponto Frio, por prestar informações incorretas ao longo do processo de análise do ato de concentração pelo Cade.

Verissimo disse que não foi encontrado indício de má-fé do grupo, que aceitou pagar a multa apesar de discordar da pena aplicada pelo conselho.

Entrega de mercadoria com atraso gera multas

Os principais varejistas do Brasil continuam na mira do Ministério Público. Depois de serem processados pela cobrança de juros embutidos, eles agora vão ter que responder pela entrega de produtos.

A Promotoria pediu que a Justiça obrigue as lojas a informarem expressamente o prazo de entrega e a pagarem multa de 2% do valor da mercadoria em caso de atraso. Dez empresas estão sendo processadas.

Réus nas duas ações do MP, as Casas Bahia, o Magazine Luiza, a Kalunga, a livraria Saraiva e os sites Submarino, Shoptime e Americanas.com dizem não ter sido notificados. A Marabraz afirma que fará as adequações necessárias se a Justiça determinar. As Casas Pernambucanas, o Extra e a Fast Shop não responderam.

MB/MP

Lojas Renner cancela compra da Leader

A Lojas Renner anunciou, após a reunião do conselho de administração, que não vai mais comprar a Lojas Leader, do Rio de Janeiro. O negócio anunciado pelo valor de 670 milhões de reais foi cancelado “em razão da alteração do cenário econômico-financeiro brasileiro e mundial e dos diversos questionamentos apresentados por acionistas da companhia”, conforme a ata da reunião do conselho.

No último dia 16 de outubro, um anúncio pago nos jornais pela gestora de fundos Investidor Profissional anunciava que votaria contra a proposta de compra da Leader pela Renner na assembléia de acionistas marcada para a próxima quinta-feira.

As negociações para aquisição da Leader foram anunciadas pela Renner em março deste ano. À época, as operações de cartões de crédito da Leader tinham 3,5 milhões de clientes ante 12 milhões da Renner. Juntas, as duas formariam a segunda maior rede de varejo de roupas do país, atras apenas da C&A. A Renner tem 102 lojas em todas as regiões do país e quase 10 000 empregados.

A Leader reafirmou, nesta terça-feira, seus planos de expansão, um dia depois das Lojas Renner ter desistido de comprar a rede. Em comunicado dirigido à imprensa, a empresa informou que irá abrir seis lojas até o fim do ano e , pelo menos, outras três em 2009.

As próximas lojas a serem inauguradas são nas cidades de Juiz de Fora (MG), Macaé (RJ), no bairro Campo Grande (RJ), Nova Iguaçu (RJ), e Natal (RN). A cidade do Rio receberá mais uma loja, no bairro do Catete. Para 2009, está confirmada a abertura de lojas em Salvador, Maceió e Recife. Segundo a Leader, outras oportunidades serão avaliadas “forma criteriosa devido ao cenário econômico-financeiro brasileiro e mundial”.

Exame