A Gulliver – que já foi um dos mais tradicionais fabricantes de brinquedos do país – hoje compra na China 70% de tudo que vende no Brasil. A empresa opera com dez fornecedores chineses diferentes. Todos reajustaram os preços. “A partir deste ano, observamos um aumento generalizado”, diz Paulo Benzatti, diretor-comercial. Ele calcula que os reajustes ficaram entre 15% e 18%, provocados pela alta do custo da mão-de-obra na China e pela explosão do petróleo, matéria-prima do plástico dos brinquedos.
A China está exportando inflação para todo o mundo, inclusive para o país. Levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), aponta que os preços dos produtos importados da China subiram, em média, 13% no primeiro trimestre em relação a janeiro a março de 2007.
Apesar da alta dos preços acima da variação cambial, o Brasil segue comprando com apetite do fornecedor asiático, graças ao mercado interno aquecido. De janeiro a março, em relação ao primeiro trimestre de 2007, o volume de importações da China subiu 50%.
A valorização contínua do real ainda funciona como um bom amortecedor para a inflação exportada pela China. A gravidade do problema também varia conforme cada indústria. Empresas que trabalham com uma margem mais folgada são menos afetadas.