
“O loco, meu. Tanto no pessoal quanto no profissional. Brincadeira, essa fera. Esse cara é uma zebra”. Todos esses bordões têm um dono, o jornalista, radialista e apresentador Fausto Corrêa Silva, o gigante da TV brasileira Faustão, que, neste domingo (2), chega aos 60 anos.
O filho do seu Maury e da dona Cordélia nasceu em Porto Feliz (SP) e começou a carreira na rádio Centenário de Araras, com apenas 15 anos. Passou depois pelas rádios Cultura, de Campinas, Jovem Pan (quando virou repórter de campo) e Globo, de São Paulo. Além da trajetória radiofônica, o pai da Lara, do João Guilherme e do Rodrigo também trabalhou como repórter do jornal O Estado de S.Paulo.
No final dos anos 70, um dos grandes amigos de Faustão, o locutor Osmar Santos começou a estudar administração pública na Faculdade Getúlio Vargas e daí surgiu o interesse de Osmar pela situação política do País, ainda sob ditadura militar. O narrador da rádio Globo, a mesma de Faustão, convidava nomes destacados da política como Eduardo Suplicy, Luís Inácio Lula da Silva e André Franco Montoro para comentarem o jogo e a situação política. A inusitada combinação deixou os executivos da Globo de cabelo em pé. O jeito foi dar um horário na extinta rádio Excelsior (atual CBN) para Osmar Santos mostrasse seu engajamento. Surgia o programa Balancê. Em 1983, o “garotinho” Osmar deixou o comando do programa para se dedicar a projetos na TV e a apresentação ficou com o então repórter Fausto Silva.
Com a ajuda dos humoristas dupla Nelson ‘Tatá’ Alexandre e Carlos Roberto Escova, Faustão mostrou que levava jeito para liderar e mudou o tom do programa. A política saiu de cena e Balancê virou uma atração mais escrachada e cômica. A produtora do programa era Lucimara Parisi, ex-secretária de Osmar Santos, que conviveu profissionalmente com Faustão até 2009.
Pouco mais de um ano depois de assumir o controle do programa, Faustão recebeu o apresentador do Comando na Madrugada, Goulart de Andrade, que ficou impressionado com a eloquência e velocidade de Faustão com as palavras. Goulart comprou um horário na TV Gazeta, em São Paulo, e deu para Faustão. Na busca de um nome para o programa, sugeriram o filme Perdidos na Noite (com Jon Voight e Dustin Hoffman). Em março de 1984, Faustão estreou na TV. Em setembro do mesmo ano, ele já estava na Record, ainda dirigida pela família Machado de Carvalho, a mesma proprietária da Jovem Pan.
Dois anos depois, Faustão se desvinculou de Goulart e foi para a Band. Na emissora do Morumbi, o apresentador ganhou outra atração Safenados e Safadinhos. Após 3 anos, deixa a cidade de São Paulo e vai para o Rio, casa da Rede Globo, a principal emissora do País. Em 26 de março de 1989, com apenas 6 anos de experiência na TV, Faustão debutou na atração dominical da “Vênus Platinada”, o Domingão do Faustão. A emissora da família Marinho era hegemônica em todos os dias da semanas, exceto domingo, que era dominado por Sílvio Santos.
Em uma entrevista para a revista Veja, em 2008, Faustão lembrou de um conselho de Boni, então responsável pela programação da emissora. “O Boni me disse: ‘não se deixe levar pela ansiedade. Isso aqui é uma corrida de longa distância’ ”.
Inexperiente, o taurino Faustão tropeçou um pouco até se tornar o maior salário da TV brasileira (estimados R$ 5,6 milhões mensais) e um dos maiores faturamentos da Rede Globo (7% do total da emissora). Os erros mais lembrados são o do Sushi Erótico, o caso do Latininho e a entrevista com pagodeiro Belo. Nos primórdios do programa, as pegadinhas dominavam o Domingão, atualmente o carro-chefe é a Dança dos Famosos. No total, foram mais de 180 quadros.
Incansável, o fanático santista marido da a ex-modelo Luciana Cardoso não se aventurou apenas pela TV, rádio e jornal, mas também pelo cinema, com o malfadado Inspetor Faustão e o Mallandro.
Com mais de mil programas apresentados em 21 anos de programa e com quase 40 quilos a menos (desde a uma redução do estômago em agosto de 2009), o sexagenário Faustão continua sendo um nome de peso na vida dos brasileiros.
Terra