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Edu Lobo volta com “O Grande Circo Místico”

Edu Lobo interpretará o repertório do disco O grande circo místico, de 1983, em show no próximo dia 26 no Rio de Janeiro

O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS-RJ) recebe no próximo dia 26 de abril, às 20h, Edu Lobo em seu auditório para uma apresentação memorável: o cantor e compositor interpretará o repertório do disco O grande circo místico, de 1983. O show será acompanhado pelo jornalista e crítico musical Hugo Sukman, que, em conversa com Edu, contará um pouco sobre a história do disco. Os ingressos estarão à venda a partir desta terça-feira (dia 19) na bilheteria do IMS-RJ e custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Definido por Aldir Blanc como “o LP mais bonito do século”, o disco é resultado da parceria entre Edu Lobo (músicas) e Chico Buarque (letras) para o musical de mesmo nome encenado pelo Balé Guaíra. O dramaturgo e diretor Naum Alves de Souza resolveu transformar o poema épico-surrealista de Jorge de Lima O grande circo místico, de 1938, em um balé. “Poema brasileiro, precisaria de uma música brasileira, então se chegou a Edu a sua música cheia de possibilidades”, explica o jornalista e crítico de música Sukman. “Ao se juntar para dar vida aos personagens sonhados por Jorge de Lima e concretizados pelo Guaíra, a dupla Edu e Chico realizou o maior disco de música brasileira de todos os tempos”, conclui Sukman.

O disco contou com orquestrações e arranjos de Chiquinho Moraes e interpretações de importantes nomes da música brasileira: Milton Nascimento gravou Beatriz, que se tornou um clássico do repertório; Gal Costa eternizou A história de Lily Braun; e mais: Gilberto Gil, Tim Maia, Simone, Zizi Possi, entre outros. As ilustrações do encarte (uma por canção) e da capa são de Naum. A direção artística foi do próprio Edu.

O show O grande circo místico faz parte da série produzida pelo IMS, iniciada em 2010, dedicada a grandes discos da música popular brasileira. O primeiro a receber a homenagem foi A arte negra de Wilson Moreira e Nei Lopes, de 1980. Depois foi a vez do disco Monarco, de 1976, o primeiro solo do sambista.

Cine: ‘Uma Noite em 67’: o festival que mudou a MPB

Os bastidores, uma revolução musical

Lucila Soares
Edu Lobo e Marília Medalha cantam Ponteio na final do festival de 1967

Edu Lobo e Marília Medalha cantam Ponteio na final do festival de 1967 (foto de Wilson Santos/Jornal do Brasil)

Caetano é chamado de “Veloso” e Arnaldo Batista tem que dizer seu sobrenome a Randal Juliano e ainda apresentar os outros dois Mutantes (“aquele é o Sérgio, e ela é a Rita). Todos fumam desbragadamente, Cidinha discorre sobre a moda de dar nomes de legumes a cores (e diz que seu vestido é rosa-shocking e chuchu), e Reali Jr corta um dobrado para entender a definição de “pop” dada por “Veloso”.

Naquela noite de 21 de outubro de 1967, cinco jovens compositores brasileiros aguardavam, nervos à flor da pele, o anúncio de quem seria o vencedor do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Seus nomes: Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil e Edu Lobo. Nos bastidores, os organizadores não estavam menos ansiosos. Aquele festival mostrara-se diferente das edições anteriores. Quatro das cinco finalistas tinham chance de vencer, tornando a disputa acirradíssima.

O público tornara-se co-protagonista do evento, mostrando disposição para apoiar sua canção preferida com fervor e a demonstrar desagrado com vaias ensurdecedoras, capazes de inviabilizar uma apresentação. (A vítima mais conhecida desse público, digamos, participativo, é o compositor Sérgio Ricardo. Na semifinal, exasperado com as vaias, ele acabou por quebrar seu violão e atirar os destroços sobre a plateia).

Era uma festa protagonizada por garotos de pouco mais de 20 anos. Era também uma batalha, que se desenrolava simultaneamente no palco e nos bastidores. No palco, a disputa era entre Alegria, Alegria; Roda Viva; Domingo no Parque; Ponteio e a obscura Maria, Samba e Carnaval, a única a não entrar para a história da MPB. Mas era também entre o violão e a guitarra elétrica, entre a MPB “tradicional” e a novidade da nascente Tropicália. Nos bastidores, a batalha era para que tudo desse certo. “Tudo”, no caso, era levar a bom termo um grande evento transmitido ao vivo pela televisão, o que era um imenso desafio naquele longínquo final dos anos 1960. E também incluía administrar crises de pânico, buscar artista que estava bebendo no botequim em cima da hora de sua apresentação, garantir que nenhum artista se apresentasse vestido de forma inconveniente. “Eu estava lá morrendo de medo que acontecesse alguma coisa”, diz Solano Ribeiro, organizador do festival.

Foto Wilson Santos/Jornal do Brasil

Caetano Veloso defende Alegria Alegria na final do festival de 1967Caetano  e Alegria Alegria na final do festival de 67

Essa batalha festiva (ou festa-batalha) é a rica matéria-prima do documentário Uma Noite em 67, de Ricardo Calil e Renato Terra, que estreia hoje nos cinemas.

O filme mescla imagens garimpadas no acervo da TV Record e entrevistas atuais e reveladoras com alguns dos protagonistas daquela noite, tanto no palco quanto nos bastidores. Há cenas antológicas, como a da tragicômica passeata contra a guitarra elétrica que tomou a avenida Brigadeiro Luís Antônio em junho de 67.

A marcha liderada por Elis Regina, Edu Lobo, Geraldo Vandré (foto), os músicos do MPB-4 e outros representantes da MPB “tradicional” aparecia como um ato destinado a resistir contra a “invasão americana”, como se não houvesse mais nada contra o que protestar em plena ditadura militar. E é muito engraçado lembrar que um dos participantes era Gilberto Gil, que poucos meses depois defenderia seu Domingo no Parque acompanhado pelos estreantes Os Mutantes, em arranjo cheio de acordes elétricos.

Em outros momentos, a graça está nas entrevistas realizadas por Cidinha Campos, Reali Jr e Randal Juliano durante os intervalos.

As imagens de época são, é claro, o grande apelo do filme. As cenas de palco são bem conhecidas, mas, junto com muitas de bastidores, inéditas ou pelo menos pouco divulgadas, formam um panorama espetacular do que foi aquela noite, e do que era aquele tempo. O maior mérito do filme, no entanto, está nas entrevistas atuais. Paulo Machado de Carvalho Jr, filho do fundador da Record e diretor dos festivais da casa, conta que foi buscar Gilberto Gil no hotel porque soube que ele desistira de cantar na final. “Eu ajudei Nana (Caymmi, então namorada de Gil) a dar banho nele e vesti-lo.” Gil admite simplesmente: “Eu estava em pânico, e até hoje me espanto que ninguém tenha percebido naquela noite que era um fantasma o que estava ali no palco”.

Chico Buarque e Edu Lobo, dois senhores de quase 70 anos, não disfarçam que até hoje se incomodam por terem sido considerados “velhos” pelos “revolucionários” pré-tropicalistas que se revelaram naquela noite. “Eles (os pré-tropicalistas) estavam lá todos fantasiados e eu de smoking. Aí fiquei com aquela cara… de smoking”, diz Chico.

De todas as entrevistas, no entanto, duas dão especialmente bem a dimensão do que passava pela cabeça de quem estava lá, naquele teatro, naquela noite. A de Paulo Machado de Carvalho, em que ele compara a concepção do festival à dos programas de luta livre. “Tinha que ter o mocinho, o bandido, a heroína etc”. E a do produtor Solano Ribeiro, que resume assim a noite que mudou a história da MPB: “O festival nada mais era do que um programa de televisão.

Só depois é que aquilo ganhou importância histórica, política, sociológica, musical, transcendental”. E é exatamente esse o maior mérito do filme. Ele proporciona um mergulho naquela noite, sem didatismos e sem teses. Os diretores fizeram essa escolha seguindo o conselho de João Moreira Salles, um dos produtores do documentário: “O filme tem que ser uma experiência.” Conseguiram.

Veja:


Recuperado Edu Lobo volta 8 anos depois

Apesar de muitas baladas não se trata de um trabalho triste. Muito menos um disco de protesto, desse compositor que já se apresentou no EUA, como o Bob Dylan Brasileiro.
“Tantas Marés’, novo CD de Edu Lobo tem canções inéditas com Paulo César Pinheiro e antigas parcerias com Chico Buarque. Aos 66 anos, desde “Cambaio” havia oito anos que o músico não lançava um disco. Este é 25* disco de sua carreira, e a novidade fica para seis composições musicais de sua autoria feitas no ano passado e que ganharam letras por Paulo César Pinheiro.
Edu Lobo sofreu aneurisma cerebral há seis onde quase morreu além de um acidente sofrido em setembro de 2009,onde quebrou o osso escafoide – no cotovelo, que o impediu de compor para “Tantas Marés”. As faixas mais tristes do disco remontam esse período difícil de sua vida.
Das doze faixas do CD, algumas já são conhecidas do público como ” Dança do Corrupião”, original do disco homônimo de 1993, porém é inédita com letra de Paulo César Pinheiro. Outra parceria de Lobo e Pinheiro ” Primeira Cantiga”, além da participação especial de Mônica Salmaso. O elo frevo ” Angu de Caroço”, de Edu Lobo e Cacaso { 1944-1987}, apresenta as raízes nordestinas de Edu, e foi gravada no disco de 1980 ” Tempo Presente”. A linda faixa “Perambulando”, um choro em homenagem ao amigo e parceiro Tom Jobim, logo depois de sua morte, e saiu originalmente no disco de 1995 “Meia Noite”, e tem referências óbvias a obra de Jobim.
“Senhora do Rio”, é de domínio público, foi apresentada a Edu Lobo por Sérgio Rezende, para o filme Guerra de Canudos. As faixas “Ciranda da Bailarina”, A Bela e a Fera” e A História de Lily Braun ” são também conhecidas do público que aprecia os shows de Edu Lobo, pois ele sempre as canta. Apesar de muita gente já ter gravado “Ciranda da Bailarina”, entre elas Adriana Calcanhoto, Edu Lobo fez de modo muito especial, deu um ar mais simpático a canção. “Tantas Marés” não é um disco triste apesar de grande parte dele conter baladas, é um disco onde o compositor trabalha com várias linhas de sentimentos. Não espere canções de protesto em “Tantas Marés”, mesmo porque Edu Lobo afirma: “não sou compositor de protesto, sou compositor e ponto final”.
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