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‘IstoÉ’: mensaleiros escondem patrimônio para não devolver o que roubaram

Condenados no processo do mensalão têm realizado manobras de transferência de bens para laranjas e familiares, a fim de se livrarem da determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal para que façam o ressarcimento do dinheiro roubado aos cofres públicos, Este é o tema da reveladora reportagem de Izabelle Torres para a revistaIstoÉ desta semana.

O STF já concluiu que sete políticos cometeram crime de lavagem de dinheiro para se beneficiar de recursos que circularam no esquema do mensalão. A reportagem mostra que, enquanto as investigações sobre o mensalão avançavam, acusados do crime de lavagem trataram de camuflar o próprio patrimônio.

O aparente “empobrecimento” é uma tentativa de livrar os bens de bloqueios judiciais e dos confiscos. O empresário Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão e multa de R$ 2 milhões, mesmo com o patrimônio bloqueado pela Justiça, continuou comprando carros e imóveis em nome da filha de 21 anos para driblar a lei.

O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) reduziu o patrimônio de forma considerável. “A declaração de bens apresentada à Receita antes das investigações em nada lembra a lista patrimonial do parlamentar este ano. Valdemar era dono de duas mineradoras, cinco imóveis e outros bens que somavam oficialmente R$ 5 milhões.

O deputado, que recebeu R$ 8,8 milhões das empresas de Marcos Valério, se desfez da maioria das propriedades. Em dezembro de 2008, transferiu um apartamento para a ex-mulher e doou o imóvel onde mora para os filhos, fazendo uma ressalva de usufruto vitalício em seu nome. O parlamentar também deixou a participação em empresas e colocou gente de confiança em seu lugar. Quando o STF concluir o julgamento e determinar as penas do deputado, encontrará em seu nome apenas uma casa, um túmulo no cemitério e um sítio”, informa a revista.

Sobre o ex-deputado mineiro Romeu Queiroz, outro réu do mensalão, IstoÉ verificou que ele também tem reduzido ano a ano o milionário patrimônio que detinha quando o mensalão foi denunciado: oito fazendas, um haras, pelo menos quatro apartamentos em Belo Horizonte, um flat em Brasília e outros bens que somavam R$ 3 milhões. Em 2003, abriu duas empresas de locação de automóveis para prestar serviços a prefeituras mineiras e, dois anos depois, se tornou consultor. “Ao longo das investigações do processo, passou parte das fazendas para os três filhos e reduziu as suas cotas nas empresas em benefício da esposa.

Com patrimônio equivalente à metade do que tinha quando o escândalo estourou, Queiroz não é dono sequer do apartamento onde mora, no bairro de Lourdes, na capital mineira”, revela a reportagem. O patrimônio em nome do ex-presidente do PP Pedro Corrêa também foi dissolvido no decorrer das investigações do mensalão. Em 2004, ele era proprietário de 18 apartamentos, duas casas, dois flats e duas fazendas. Atualmente, o pernambucano mantém em seu nome apenas um prédio, cujo usufruto registrado no cartório do 1º oficio do Recife pertence ao filho e à nora. Corrêa deixou a política, mas conseguiu eleger a filha Aline Corrêa deputada federal. No Estado, mantém domínio sobre o PP estadual e é considerado rico e influente.

ISTO É

Via Claudio Humberto

Secretário do Tesouro Inglês usa dinheiro público com namorado

Secretário alugava quartos de propriedade do companheiro para receber benefício

Rupert Hartley/24.05.2010/Reuters
Foto por Rupert Hartley/Reuters

David Laws declarava alugar quartos de propriedades de seu namorado,
com quem mora, para justificar o recebimento de ajuda para moradia

O secretário de Estado do Tesouro do Reino Unido, David Laws, pediu desculpas após o jornal britânico Daily Telegraph revelar que ele usou mais de R$ 105,1 mil (40 mil libras) de verbas públicas em gastos pessoais.

Laws, cujo cargo tem nível de ministro, é um liberal-democrata do novo governo de coalizão britânico, liderado pelos conservadores.

Ele admitiu as acusações, prometeu reembolsar o dinheiro e se comprometeu em apresentar seu caso ante a comissão de ética do Parlamento.

Laws, ex-banqueiro, utilizou as verbas públicas para pagar o aluguel da casa que dividia com o namorado.

Ele admitiu ter reclamado durante oito anos, entre 2001 e 2009, o reembolso de gastos de até R$ 2.497 (950 libras) por mês pelo aluguel de quartos de duas propriedades de seu companheiro, James Lundie.

Brasília: gastança e luxo

Quando chegar ao Senado nos próximos dias, a Fundação Getúlio Vargas vai descobrir que a Casa tem uma frota de 165 veículos, dezenas de diretores sem uma função determinada, e gastos milionários com telefonia, despesas médicas, passagem aérea, consultoria, combustíveis, além de uma bilionária folha de pagamento. Vai se deparar, por exemplo, com um número guardado até hoje sob sigilo: 1,8 mil funcionários terceirizados.

Cerca de R$ 200 mil, por exemplo, foram depositados no ano passado nas contas dos buffets mais caros da cidade. No período, a Casa despejou R$ 369 mil de dinheiro público com “festividades e homenagens”, quase o dobro do ano anterior. O Senado guarda a sete chaves, sob o discurso do sigilo pessoal, as despesas médicas de senadores, familiares e servidores. Os valores chamam atenção. Somente em 2008, R$ 60 milhões caíram na conta de hospitais privados e clínicas famosas de Brasília e São Paulo.

A pedido do Correio Braziliense, o site Contas Abertas levantou as despesas do Senado nos últimos dois anos, incluindo não só folha de pagamento, mas também custeio e investimento. As diárias de viagens ao exterior de servidores e parlamentares também quase dobraram: saltaram de R$ 481 mil em 2007 para R$ 700 mil no ano passado. A polêmica das passagens aéreas a amigos envolvendo a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) trouxe à tona esse tipo de despesa. Em dois anos, R$ 40 milhões foram liberados para a agência de turismo responsável pelas viagens dos gabinetes dos senadores.

A garagem do Senado é famosa pelo brilho dos carros luxuosos expostos no local. A reportagem teve acesso à frota completa da Casa, relação que provavelmente deve cair nas mãos dos auditores da FGV. São 165 veículos no total, sendo 88 usado pelos senadores. O restante pertence à estrutura administrativa e boa parte, luxuosas camionetes e picapes 4 x 4, é usada pela polícia legislativa, diretores e servidores influentes, alguns inclusive com motoristas de empresas terceirizadas.

São carros comprados entre 2005 e 2008, mais novos do que os dos próprios senadores, adquiridos em 2003. Comparando com a tabela Fipe, a frota do Senado beira os R$ 6 milhões. Os dados mostram que R$ 2 milhões saíram dos cofres do Senado para encher os tanques desses veículos em 2008.

Leandro Colon/CorreioBraziliense

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