
Parte dos personagens apontados por envolvimento na fraude responsável pelo desvio de R$ 44 milhões dos cofres públicos ganharam voz ontem na Assembléia Legislativa. Em sessão extraordinária da CPI do Detran, os deputados ouviram trechos das interceptações telefônicas gravadas pela Polícia Federal durante a Operação Rodin.
Os diálogos que revelaram como funcionou o esquema instalado na fraude do departamento de trânsito gaúcho chocaram os parlamentares e as pessoas que acompanhavam a reunião, no Plenarinho do Palácio Farroupilha. ‘É uma tarde triste. Ficamos perplexos com o que ouvimos’, disse o presidente da CPI, deputado Fabiano Pereira, do PT.
Foram apresentados 34 áudios. A primeira parte deles trouxe a atuação de pessoas ligadas às fundações vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria. Nas conversas, pessoas ligadas à universidade conversam sobre a documentação necessária para os contratos com as empresas sistemistas, que foram contratadas para supostamente prestar serviços à autarquia.
Na escuta a seguir Flávio Vaz Neto, presidente do Detran em 2007, recebe uma ligação do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Cezar Santolin. O representante do TCE avisa o presidente da autarquia de que as subcontratações serão alvo de investigações.
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A segunda parte das gravações demonstrou a preocupação dos envolvidos na fraude, como o ex-presidente do Detran Flávio Vaz Netto, com a inspeção extraordinária que o Tribunal de Contas estava realizando no departamento de trânsito para apurar irregularidades nos contratos com as fundações de apoio e em acordos com as sistemistas.
Já nesta gravação o na epoca presidente do DETRAN, Flavio Vaz Netto, conversa com o deputado federal José Otavio Germano. Na conversa, fica claro que Vaz Netto fala para José Otávio a respeito do questionamento legal sobre a contratação de empresas sistemistas para prestar serviços ao Detran. Neste audio Vaz Netto explica sobre uma suposta inspeção que seria feita na autarquia pelo Tribunal de Contas do Estado. E acredite, Vaz Netto tinha essa informação por que um conselheiro do TCE ligou e avisou. Isso mesmo, um órgão que deveria fiscalizar avisou.
Isso mostra que o deputado sabia sim de irregularidades na autarquia, bem ao contrario do que ele falou na sessão da CPI do DETRAN. Na transcrição entregue pela Policia Federal não aparece o nome do deputado e sim HNI (Homem não identificado).
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Outra parte das escutas revelam as movimentações que Vaz Netto e o ex-diretor da CEEE e ex-superintendente da Assembléia Antônio Dorneu Maciel estavam articulando para resolver as pressões que o empresário Lair Ferst fazia pela manutenção de suas empresas no esquema.
A última etapa das gravações divulgadas ontem indicam conversas para acertar pagamento de propina, que de acordo com a PF ocorriam no flat de Maciel. De acordo com o deputado Alexandre Postal, do PMDB, ‘contra os fatos, não há mais nenhum argumento’.
Nesta escuta Flávio Vaz Neto que solicita a ajuda de forma mais forte do seu amigo Antônio Dorneu Maciel para resolver os problemas. Maciel na época era diretor administrativo da CEEE diz que procurou o colega de direção da companhia Délson Martini (hoje secretario geral do governo) para ajudar no impasse, que seria a pressão de Lair Ferst. Vaz Neto diz que vai se encontrar com a governadora e Maciel orienta ele a perguntar à Yeda Crusius se era para seguir a orientação de Délson.
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Nesta gravação fica claro que o nome de Delson Martini, secretario geral do governo Yeda Crusius, foi citado pelos reus Vaz Netto e Dorneu Maciel. Mais um prova de que Delson precisa sim ir a CPI e prestar esclarecimentos. Vale aquela maxima de quem não deve não teme.
Matheus Felipe/e CP
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