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A mansão do conselheiro que derruba delegado


O afastamento do delegado Luiz Fernando Tubino das funções que desempenhava na Polícia Civil no RS ainda vai dar muito o que falar. A governadora Yeda Crusius (PSDB) já havia pedido a cabeça do delegado desde a época do CPI do Detran. Na CPI, Tubino acusou Yeda de ter utilizado dinheiro de sobras de campanha para comprar uma casa nova, em dezembro de 2006. O nome do delegado voltou à tona agora com a matéria publicada pelo site Vide Versus ( leia aqui toda a matéria), intitulada “O milionário conselheiro João Osório, do Tribunal de Contas”, que traz uma série de fotos da mansão comprada pelo referido conselheiro no litoral gaúcho.

Tubino e o editor do site, Vitor Vieira, foram juntos a Capão da Canoa “para levantar os dados sobre a parte milionária do patrimônio do conselheiro João Osório”. Entre esses estão várias fotos do imóvel do conselheiro, ex-deputado estadual e ex-sargento da Brigada Militar. Até a manhã desta quarta, Tubino ainda não havia se manifestado sobre o afastamento. Seu histórico indica que o silêncio não será sua resposta.

(…)

A propriedade está registrada no nome da mulher do conselheiro, Elizabete Faccin Martins. No dia 14 de junho de 2005, pouco mais de um mês depois de o conselheiro João Osório assumir sua cadeira no Tribunal de Contas gaúcho, essa propriedade foi registrada no Registro de Imóveis de Capão da Canoa (RS): “Imóvel: um TERRENO URBANO, situado na PRAIA MARISTELA, em transformação para PRAIA MARINA, no município de Xangri-Lá – RS, constituído dos lotes 09, 10, 22 e 23 da quadra C, que pelo cadastro municipal passou a ser lote 23 (vinte e três), da quadra 05 (cinco), setor 379 (trezentos e setenta e nove), com a área superficial de 1.200,00 metros quadrados….”. Como se vê, a mansão está assentada em um enorme terreno de 1.200 metros quadrados.

É uma mansão realmente impressionante. A sala térrea é realmente enorme, em um ambiente ao qual fica integrada a cozinha e a ampla sala de refeições. A mansão tem sete suítes. Todos os quartos têm banheiro individualizado. A suíte máster, ocupada pelo conselheiro João Osório, tem uma sauna no banheiro. A piscina tem teto retrátil, toda coberta com telha de policarbonato. Ao lado da piscina existem as instalações onde mora o casal zelador da mansão. Trata-se de uma ampla sala de refeição, com churrasqueira e bar.

Há uma outra sala reservada, um banheiro e um quarto. Nesses aposentos moram os caseiros Solange Noskoski e Gabriel Noskoski. Conforme o conselheiro João Osório a carteira assinada de caseira é de Solange Noskoski. Seu marido, Gabriel Noskoski, é investigador da Polícia Civil gaúcha, e trabalha na Delegacia de Capão da Canoa.

No dia 13 de novembro, pouco depois do meio dia, foi o investigador Gabriel Noskoski que recebeu e atendeu o jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, no portão da mansão do conselheiro João Osório. Assim que o jornalista se identificou e disse que queria obter algumas informações, o investigador Gabriel Noskoski disse que não podia dar informações e que era investigador de polícia, fazendo ressaltar a pistola calibre 40 que carregava na cintura. Em seguida, com a aproximação do delegado Tubino, que havia permanecido na caminhonete Saveiro, o investigador Gabriel Noskoski o identificou, já que Tubino foi chefe de Polícia do Rio Grande do Sul no governo Olívio Dutra, e mudou de tom. Disse que só poderia dar informações depois de falar com o conselheiro João Osório. Foi o que fez, ligando por celular. O jornalista recebeu a autorização do conselheiro para entrar em sua casa. Toda a visita  foi ciceroneada pela caseira Solange Noskoski. Ela ainda chamou a sua atenção para que fosse ver a sauna instalada no banheiro da suíte máster. Solange Noskoski parecia entender que estava mostrando a mansão para algum interessado na sua compra.

Ocorre que o conselheiro João Osório efetivamente colocou à venda a mansão nas imobiliárias de Xangri-lá. Em uma delas pode olhar as fotos da mansão (fotos aqui publicadas). Nas imobiliárias, a mansão está à venda pelo preço de um milhão e 200 mil reais. Os corretores de imóveis da região dizem, com sua experiência, que a mansão não valeria menos de 3 milhões de reais se estivesse localizada em um dos tantos condomínios fechados existentes no município.

O conselheiro João Osório, magnânimo, ofereceu uma comissão de 6% sobre a venda para o jornalista se este conseguir achar um comprador. Detalhe: a grama do jardim é como se fosse um campo de futebol, os pinos de irrigação surgem debaixo da terra, acionados eletronicamente. Cada bico irriga cerca de um metro quadrado de grama. E a água para a irrigação é puxada de poço artesiano.

O caseiro Gabriel Noskoski, além de seu revolver calibre 40 da Polícia Civil, ainda tem uma estação de rádio montada em seus aposentos na mansão. Ele tem como hobbie restaurar rádios (daqueles com olho mágico) e eletrolas antigos, todos em perfeito funcionamento.

O conselheiro João Osório também tem uma casa novinha, localizada a poucas quadras da mansão, cuja construção foi recém finalizada, ainda sem habite-se, colocada à venda na mesma imobiliária, por cerca de 300 mil reais. Ele também ofereceu comissão de 6% sobre a venda para o jornalista Vitor Vieira.

Nota atualizada:

Segundo o Blog de Rosane Oliveira, o chefe da Polícia Civil, delegado Pedro Rodrigues, assinou nesta terça-feira o afastamento das funções do delegado Luiz Fernando Tubino.
Ex-chefe da corporação, Tubino já respondia a inquérito junto à Corregedoria devido a suspeitas que levantou contra a governadora Yeda Crusius em seu depoimento à CPI do Detran.

Nesta semana, novo inquérito foi aberto em função de denúncias que Tubino fez envolvendo o patrimônio do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado João Osório. Um dos fundamentos contra o delegado é o de que ele estava procedendo investigação — em relação ao patrimônio do conselheiro — sem estar vinculado a nenhum inquérito, portanto, sem competência para investigar.
Na semana passada, a chefia já havia determinado a remoção do delegado do Departamento de Administração Policial para o Departamento de Polícia Metropolitana. Inicialmente, ele seria lotado em um plantão. Mas, como existe um decreto prevendo que ex-chefes de polícia têm direito a vaga no Conselho Superior de Polícia, era lá que ele seria lotado. Porém, nesta terça-feira, o chefe determinou o afastamento de Tubino.

As atitudes do delegado, de fazer denúncias contra agentes públicos e pessoas ligadas ao governo,têm desagradado grande parte dos delegados associados à Asdep, que entendem que os ataques que ele faz ao governo estão prejudicando as reivindicações salariais da classe.
(Blog da Rosane Oliveira)

Fotos: Vide Versus
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