As pessoas começam a ter dificuldades para financiar a compra do automóvel. Entre os revendedores de usados, o sentimento é de que as linhas estão muito restritas e já embutem taxas praticamente duas vezes mais altas. Já entre os carros novos, os bancos ligados às montadoras garantem a oferta de recursos, com taxas reduzidas, até pelo compromissos com as vendas das companhias. Nos dois casos, os prazos encolheram e raramente superam 36 meses.
A primeira reação concreta dos bancos que financiam automóveis ao aperto do crédito foi a suspensão dos planos de financiamento em 72 meses. A segunda foi lançar grandes campanhas reduzindo taxas de juros à metade da média do mercado. Mas na maior parte dos casos, os juros mais baixos não valem para os carros mais vendidos.
Na Volks, a taxa de 0,99% só vale para planos de 24 meses e para os modelos da linha Fox, Polo e o importado Beetle. Quem quiser Kombi – um veículo que não precisa nem de propaganda – ou o novo Gol – recém-lançado e sucesso de vendas – tem que arcar com juros mais altos, em torno de 1,69%.
A Ford também lançou uma campanha de 0,99% em financiamento de 24 meses para os modelos Fiesta e EcoSport. E a mesma taxa foi lançada pela General Motors para as linhas Corsa e Astra. Tanto Ford como a GM excluíram os carros mais baratos – Ka e Celta, respectivamente – dos planos com juros mais baixos.
O segmento que mais sofre, no entanto, é da classe de renda mais baixa, que passou a ter acesso ao crédito pelas linhas longas.
As taxas, que antes oscilavam entre 1,8% e 2,2% ao mês, hoje variam entre 2,2% e 2,5% ao mês. Mas o pior não são os juros mais altos, mas sim a seletividade elevada dos bancos para aprovação do crédito. As exigências ficam tão grandes que muitas vezes inviabilizam o negócio.
Até mesmo o nicho de carros de luxo já sofre com a crise, afirma Ricardo Almeida, gerente da Audi One, concessionária que representa a marca.
Fernando Travaglini e Marli Olmos
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