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Os 80 anos de Cauby Peixoto

O que um bom cantor precisa ter? Afinação? Extensão vocal? Um bom repertório? Sim, tudo isso é preciso.

Mas há um fator fundamental, talvez o mais importante: a personalidade. E para Cauby Peixoto esse ingrediente nunca faltou. Um dos cantores mais populares do país completa 80 anos de vida e 60 de carreira.

Não há quem não capriche a entonação de Cauby ao cantar os versos de Conceição – um de seus maiores sucesso. Suas roupas, seus paletós cheios de brilhos, suas perucas, sua vaidade. Tudo é lembrado quando se fala dele. É uma figura única dentro do cenário da música brasileira.

Cauby começou sua carreira como calouro de rádio na década de 50. Fã de Orlando Silva, ele lembrava “o cantor das multidões” em seus primeiros registros musicais. Do rádio foi se apresentar em boates do Rio de Janeiro e São Paulo. Conheceu o empresário e compositor Di Veras, a quem é atribuída a “estratégia” de criar a “personalidade caubyniana”.

E deu certo. Dois anos depois de seu início de carreira, Cauby já era o novo ídolo do rádio, substituindo Orlando Silva, que ocupava o posto há duas décadas. As meninas o perseguiam, rasgavam suas roupas. Cauby virou o ídolo de uma geração.

No final dos anos 50, veio a Bossa Nova. Pouco tempo depois, a moderna música brasileira, batizada de MPB, a jovem guarda. Cauby resistiu. Oras com mais, oras com menos destaque. Mas nunca deixou de ser ele mesmo. De cantar o que acredita, de ser romântico, exagerado. É um dos poucos remanescentes da Era do Rádio brasileira que continua produzindo.

E Cauby é assim. Calmo e sorridente, mas com garra. Desafia o tempo e qualquer limitação natural da idade. No dia em que ÉPOCA o entrevistou, em um show realizado no Sesc Belenzinho, em São Paulo, no dia 25 de janeiro, Cauby mostrou toda sua disposição em ficar a serviço da música. Já era o quarto show que ele fazia na semana. Outros dois ainda estavam por vir.

A temporada que ele apresenta no Bar Brahma – na tradicional esquina das avenidas Ipiranga com São João – já dura seis anos. As apresentações, que sempre acontecem às segundas-feiras, têm ingressos disputados.

Para marcar os 80 anos de vida e 60 de carreira, Cauby prepara três novos lançamentos. Todos inéditos. Dirigido pelo produtor Thiago Marques Luiz, Cauby deve lançar no mercado um CD onde canta músicas como Minha voz, minha vida (Caetano Veloso), Hoje (Taiguara) e Guerreiro Menino (Gonzaguinha) acompanhado apenas de violão, outra com músicas dos Beatles (“As mais românticas deles”, avisa Cauby) e um terceiro trabalho com o registro de um show que, em abril, vai comemorar suas seis décadas de profissão, com participações de Fafá de Belém, Emílio Santiago, Agnaldo Rayol e Agnaldo Timóteo.

Cauby Peixoto Barros nasceu em 10 de fevereiro de 1931, em Niterói, no Rio de Janeiro. A música já fazia parte de sua família. Filho de um violinista e primo do sambista Ciro Monteiro, Cauby aprendeu a cantar ainda no colégio, onde fazia parte do coral. “Eu cantava alto, estridente. Moacir que me ensinou a cantar de verdade”, diz Cauby, referindo-se ao irmão, o pianista Moacir Peixoto (1920-2003).

No começo da década de 50, Cauby foi tentar a sorte nos programas de rádio. Passou a se apresentar em boates do Rio e de São Paulo e logo conseguiu lançar seus primeiros registros em discos. O sucesso veio pouco tempo depois, com a gravação de Blue gardênia.

Em 1956, grava Conceição, um dos grandes êxitos de sua carreira. Na mesma época, aventura-se em uma carreira nos Estados Unidos. Com o nome artístico de Ron Coby, ficou dois anos se apresentando por lá e recebeu elogios da revista Time.

Nas décadas de 60 e 70, seguiu se apresentando em casas noturnas pelo Brasil e gravando os grandes compositores da música brasileira, como Evaldo Gouveia, Tom Jobim, Banden Powell, Dorival Caymmi, Chico Buarque, entre outros.

Em 1980, lança o disco Cauby! Cauby!, com canções escritas por Caetano Veloso, Tom Jobim, Roberto e Erasmo Carlos e Jorge Benjor. O álbum comemorou os 25 anos de carreira do cantor e fez com que Cauby recuperasse prestígio dentro da música brasileira. Bastidores, de Chico Buarque, foi um estrondoso sucesso. A música é citada até hoje por Cauby como a preferida de todo o seu repertório.

Foi nos anos 80 que Cauby inaugurou uma de suas mais famosas parcerias musicais. Ao lado da cantora Ângela Maria, Cauby gravou dois discos e fez inúmeros shows pelo país. Na década de 90, lançou álbuns como Cauby canta Sinatra, que contou com a participação de Gal Costa, Zizi Possi, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Dionne Warwick.

Na última década, apesar de um problema de coração surgido no início dos anos 2000, Cauby continuou a se apresentar e a lançar seus trabalhos. Há cinco anos, gravou um DVD para comemorar seus 55 anos de carreira. Depois vieram Cauby canta Baden, Cauby interpreta Roberto Carlos e Cauby sing Sinatra. Há seis anos se apresenta semanalmente no Bar Brahma, na tradicional esquina das avenidas Ipiranga com São João. Os shows, sempre às segundas-feiras, já fazem parte do calendário cultural da cidade de São Paulo.

Época

Chico Buarque terá homenagem especial na Globo

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O programa “Som Brasil”, musical de maior sucesso da Rede Globo, dedicará sua última edição do ano a celebrar o talento de Chico Buarque.

Para render tributo ao artista, grandes nomes do show biz foram convidados para o programa que irá ao ar em meados de dezembro.

Entre eles Bibi Ferreira, que  vai interpretar “Gota d’Água”; Cauby Peixoto, “Bastidores”; e o grupo Boca Livre, “Roda Viva”. O Som Brasil está em sua quarta temporada.

Cauby Peixoto e as canções de Roberto Carlos

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Já tá nas lojas o álbum Cauby interpreta Roberto (Lua Music). Produzido por Thiago Marques, o disco traz 12 canções de autoria do “Rei” que ganharam a interpretação particular do “Professor”.

Cauby é o primeiro intérprete masculino a gravar um álbum somente com canções de Roberto. Antes dele, apenas Maria Bethânia (1993), Nara Leão (1978) e Sônia Mello (1979) haviam sido autorizadas.

Fã de Cauby, Roberto liberou as canções em apenas uma semana. A única ressalva foi a de que a música Você não sabe fosse substituída por Olha. Quase nada perto do excesso de zelo que o “Rei” tem com a sua obra.

Além de Olha, gravada apenas com a voz e o piano de Keco Brandão, Cauby optou por Proposta, De tanto amor, A volta, Sentado à beira do caminho, Os seus botões, Música suave, As flores do jardim da nossa casa, Não se esqueça de mim, Desabafo, À distância e O show já terminou.

Tudo bem. Alguns vão dizer que não haveria combinação mais brega que Cauby e Roberto. Será mesmo? Cauby foi um dos grandes nomes do rádio brasileiro e o mais lembrado até hoje. No passado, foi um verdadeiro popstar. Suas roupas eram rasgadas (embora fossem preparadas para isso), ele saía semanalmente em capas de revistas. Cantou nos Estados Unidos na década de 50 e foi comparado a Frank Sinatra.

Os grandes compositores brasileiros fizeram música especialmente para ele: Caetano Veloso (Cauby, Cauby!), Chico Buarque (Bastidores), Roberto e Erasmo (Brigas de Amor) e Tom Jobim (Oficina). Ou seja, Cauby é muito mais que  a sua Conceição.

E outra. É admirável que Cauby, perto dos 80 anos, ainda produza e se sujeite às críticas.

Mesmo com seus floreios musicais, suas roupas extravagantes, suas perucas, suas jóias e repertório algumas vezes de gosto duvidoso, ele é uma das grandes vozes brasileiras. Todo mundo o conhece.

Aliás, o diretor Nelson Hoineff  (de Alô, alô Terezinha) está produzindo um documentário sobre a brilhante (em todos os sentidos) trajetória de Cauby. Além disso, o cantor segue se apresentando semanalmente no Bar Brahma, em São Paulo.

Cauby um caso raro de longevidade artística. Ídolo das menininhas nos gloriosos tempos da Rádio Nacional nos anos 50 – onde se formou o primeiro pelotão das “macacas de auditório” do Brasil – ele é até hoje um sucesso, onde quer que cante. E sua receita, a cada dia dessas cinco décadas, é simples: “Eu vivo o hoje”. Tanto que se sente “em casa” em São Paulo, um mundo tão diferente do Rio em que se inventou.

Nesta conversa com a coluna, ele confidencia: longe do palco e dos aplausos, sua vida é monótona. E sua diversão, aos 78 anos, é cantar… e se ouvir.

Satisfeito com o novo disco com músicas de Roberto?
Sim, fiz um CD muito bom, com músicos excepcionais. Acho que ele vai adorar. O Rei ainda não viu nada, nem o show. Ele é muito ocupado, quase não pode sair.

Como é sua relação com ele?
Muito boa. Ele era meu fã. Eu tinha muito sucesso na época. Ele ia nas rádios para me mostrar suas músicas. Só que as meninas não deixavam. Mas às vezes eu chamava: “Roberto, vem, vem…”. Eles vinham me mostrar músicas mas eu acabava gravando outros compositores mais famosos, né?

Você lhe dava conselhos, já que sua voz já era tão admirada?
Era mesmo. Mas eu nunca estudei, não colocava a voz. É natural, não dava para dar dicas. Porque isso nasce com a gente. Ou tem ou não tem.

Que tipo de comparação imagina que será feita, quando ouvirem as músicas de Roberto Carlos em sua voz?
Pois é, agora vão comparar e eu não poderei fazer nada. Não posso dizer que eu sou melhor. Não diria isso (risos). Mas o povo diz, o jornal diz, as revistas dizem, comparam. Posso dizer? Não posso, né?

Costuma ir a shows?
Não vou não. Só ao meu mesmo.

O que faz quando não está no seu show?
Estou sempre estudando, ensaiando. Por exemplo, agora estou ouvindo esse meu CD novo para ver qual música devo trabalhar mais

Como você se diverte?
Fico em casa me ouvindo. Vendo nas gravações o que eu faço de melhor e de pior. Levo uma vida que muita gente considera monótona. Não saio, não vou me divertir em lugar nenhum. Me divirto no meu show, onde eu canto, onde eu trabalho.

Mora sozinho?
Moro.

Como se veste em casa?
Em casa é só uma roupinha rasgada, um chinelinho. Nada de brilho. Como se eu fosse outra pessoa.

Vai gravar Sinatra no ano que vem?
Tenho esse projeto de música americana. Eu falo e canto muito bem em inglês. Vou fazer um CD só com Nat King Cole e Frank Sinatra. Vai ser muito bom, né? Vou começar a mexer nisso depois do Natal. Quero Let Me Try Again, I’ve Got You Under My Skin

Se arrepende de algo?
Não.

Por Débora Bergamasco

Cauby – Começaria Tudo Outra Vez

O cineasta Nelson Hoineff já começou as filmagens do documentário Cauby – Começaria Tudo Outra Vez: vai colar no veterano cantor durantes semanas, na casa dele, nas ruas, nos bastidores dos shows e entrevistará dezenas de pessoas (inclusive, fãs incondicionais) ligadas à carreira de Cauby Peixoto.

Hoineff demorou três anos para convencer Cauby a permitir o documentário e enfrenta dificuldades: “Ele é muito fechado, fala pouco”.

Problema maior será Hoineff convencer Cauby a se deixar filmar sem a peruca (ele tem várias) que o acompanha nos últimos anos. Mais: o cantor, hoje, já enfrenta alguns problemas de memória (ele tem 78 anos).

GibaUm

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