Os corpos das 14 vítimas da queda do avião King Air B350 em Trancoso, na última sexta-feira (22), estão sendo identificados no Instituto Médico Legal (IML) de Salvador. Morreram 10 adultos e 4 crianças, entre elas um bebê de seis meses. Alguns corpos já foram reconhecidos por objetos pessoais ou número da cadeira na aeronave, mas só podem ser transportados para São Paulo quando o IML baiano emitir as declarações oficiais de óbito.
Os corpos chegaram no IML por volta das 19h de sábado, 23. As vítimas serão identificadas através da análise de DNA ou arcada dentária. O instituto já recebeu odontogramas de alguns dentistas, por fax e e-mail. “Não há prazo para acabarem as identificações, mas temos 35 peritos trabalhando para agilizar as análises”, disse o diretor do Departamento de Polícia Técnica, Raul Barreto.
O local onde o acidente aconteceu continua isolado. Segundo o DPT, a causa da queda está sendo investigada pela aeronáutica.
Num clima de tristeza e perplexidade, parentes, amigos e familiares das vítimas vieram para a capital ácompanhar os trabalhos de remoção e identificação.
Vítimas – No início da noite deste sábado, 23, a assessoria de comunicação da Arsenal Investimentos divulgou a lista com os 14 nomes das vítimas. A relação, portanto, não é considerada oficial pelo chefe do Departamento de Polícia Técnica.
Segundo a assessoria da Arsenal, na aeronave estariam o empresário Roger Wright, 56 anos, sócio fundador da Arsenal Investimentos, sua esposa Lucila Carvalho Lins, a filha Verônica Luchsinger Wright Faro, com o esposo Rodrigo de Mello Faro e seus dois filhos, Vitória Wright Faro e Gabriel Wright Faro.
O filho do empresário, Felipe Luchsinger Wright, também estaria no avião, acompanhado da esposa Heloísa Alqueres Vaz Wright e do filho Francisco Alqueres Vaz Wrihgt, de apenas 6 meses.
Entre as vítimas, constariam ainda Nina Pinheiro, filha de Isabela Pinheiro, filha do primeiro casamento de Lucila, Vera Lúcia Mércio, tia avó de Roger Wright, Rosângela Pereira Barbosa, babá de Francisco, o piloto Jorge Lang Filho e o copiloto Nelson Caminha Affonseca. As idades das crianças não foram divulgadas.
A vida do empresário Roger Ian Wright, vítima do acidente que matou 15 pessoas na noite de sexta-feira, 22, em Trancoso (BA), foi marcada por tragédias aéreas. Sua primeira mulher morreu no vôo do Fokker-100 da Tam em 1996. No acidente da mesma companhia em 2007, entre as vítimas estava a advogada Simone Lacerda Westrupp, 28, que trabalhava na Arsenal Investimentos, empresa de serviços financeiros fundada por Wright.
Simone Lacerda Westrupp estava em Porto Alegre a trabalho e antecipou a volta à capital paulista. Pegou o vôo 3054 da TAM, em que a aeronave sofreu uma pane e o piloto não conseguiu frear a tempo. O avião atravessou a pista principal do aeroporto de Congonhas e, ao colidir com um edifício, explodiu matando 199 pessoas.
Acidente – A aeronave modelo Super King Air B-350, proveniente do aeroporto e Congonhas (SP), caiu por volta de 21h desta sexta-feira, durante uma manobra de aterrissagem, explodindo no solo a 200 metros da cabeceira da pista do Aeroporto Terravista, em Trancoso, de propriedade do Club Med.
Pista do hotel tem 1.500 metros
Roger Ian Wright, proprietário de uma mansão vizinha ao Club Med, costumava ir a Trancoso a cada 15 dias e tinha a permissão de aterrissar na pista do condomínio. A tripulação fez o último contato com a torre às 20h50, dez minutos antes do acidente. De acordo com James Souza, o piloto disse que tinha boa visibilidade da pista. O gerente do aeroporto afirmou também que Jorge Lang conhecia bem o local, pois levava o empresário a cada 15 dias para Trancoso.
O Aeroporto Terravista atende exclusivamente proprietários e convidados, hóspedes dos hotéis e clientes do campo de golfe. A pista de 1.500 metros do aeroporto está habilitada para operar somente para pouso e decolagem de aeronaves executivas. O condomínio ostenta mansões de alto padrão e é considerado uma das zonas litorâneas mais valorizadas do País. Um lote chega a custar US$ 1,2 milhão.
Aviso – Segundo o proprietário do Aeroporto Terra Vista, Orlando Martinez, o piloto do avião informou ao controle aéreo situado em Porto Seguro (BA) e ao rádio do terminal privado do hotel Terravista. que tinha condições visuais de pouso. “Antes do pouso, a tripulação da aeronave fez contato com o controle de Porto Seguro e com a Rádio do aeródromo Terravista, informando que estava em condições visuais para pouso. Nenhum outro contato foi feito pela tripulação”, informa trecho da nota divulgada pelo Terravista.
Na avaliação de Leonardo Sena, especialista em aviões, o que pode ter acontecido foi uma colisão com o solo por falta de visibilidade, obstáculo ou desorientação noturna, classificado como Control Flight into Terrain. Amigo da família Wright, o publicitário Nizan Guanaes estava abalado na noite de ontem. “Foi um desastre sem proporções. A mãe morreu no desastre da TAM e a família inteira num desastre de avião. Estou em estado de choque.”
Até março deste ano, a Aeronáutica contabilizou 19 acidentes aéreos no País – 15 com aviões e 4 com helicópteros. O número de mortos era de 28. Há seis meses, um avião King Air, da banda Calypso, caiu no Recife e duas pessoas morreram.
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