Arquivo do dia: janeiro 23, 2012

De catadora de lixo reciclável a presidencia da Petrobras

por Valor
Indicada para a presidência da Petrobras pelo ministro Guido Mantega, presidente do conselho de administração da companhia, Maria das Graças Foster foi eleita uma das 15 executivas em destaque pela Valor Liderança – Executivas. Na época da premiação, em dezembro passado, a revista publicou um perfil da executiva. Confira abaixo.Comando com mão de ferro e dedicação quase absoluta

Julio Bittencourt/Valor  

Integrante da curta lista de pessoas que gozam da total confiança da presidente Dilma Rousseff, Maria das Graças Silva Foster, ou Graça Foster, como prefere ser chamada, tem um currículo poderoso. É diretora da área de gás e energia da Petrobras e seu nome é cotado para presidir a empresa quando José Sergio Gabrielli deixar o posto. Em outubro, ela participou como executiva da Petrobras da comitiva presidencial à Bulgária, Bélgica e Turquia.

Engenheira química, com mestrado em engenharia de fluidos, pós-graduação em engenharia nuclear e MBA em economia, Graça Foster nasceu em uma favela do Rio de Janeiro nos anos 1950, o Morro do Adeus, que hoje integra o Complexo do Alemão, ocupado pela polícia neste ano. Foi lá que ela viveu até os 12 anos, quando a família se mudou para a Ilha do Governador. No morro, começou a trabalhar, aos 8 anos, como catadora de papel, garrafas e latas de alumínio que vendia para comprar material escolar e presentinhos para sua “florzinha”, como chama a mãe, Terezinha Pena Silva, que continua sendo alvo de sua dedicação.

“Minha mãe é a coisa mais linda, a coisa mais bonitinha que tem, é pequenininha, é a minha flor”, desmancha-se a filha durona no trabalho, de 1,78 metro de altura, negociadora implacável, temida e, por que não dizer, criticada por parte dos executivos que convivem com ela. É a mãe a única capaz de competir com sua outra paixão: a Petrobras, empresa onde trabalha desde 1981, depois de quase dois anos na Nuclebrás, seu primeiro emprego com carteira assinada.

“A Petrobras é uma prioridade na minha vida. Raramente acontece uma inversão, mas só minha mãe está na frente. Graças a Deus o resto da família não precisa. A Petrobras sempre foi importante para mim. O normal é estar disponível para a empresa. Tudo na vida é paixão. E como posso não estar apaixonada e ficar aqui de dez horas a 12 horas todos os dias, torcendo para tudo dar certo?”

O início da vida acadêmica tampouco foi fácil. Aos 22 anos e ainda na faculdade, Graça teve a filha Flávia, que é mãe de sua neta Priscila, hoje com 16 anos. As três são do signo de Virgem e muito próximas. Mais tarde veio Colin, filho do seu terceiro casamento, “um garotão que tem 2,05 metros e estuda jornalismo”.

A área comandada por Graça Foster na estatal acumulou lucro de R$ 2,6 bilhões até setembro de 2011, o segundo melhor resultado da empresa, só atrás da exploração e produção. Quando ela assumiu, em setembro de 2007, o prejuízo era de R$ 895 milhões.

A executiva comanda a diretoria de gás e energia com mão de ferro. Trabalhadora compulsiva – conta que nunca teve remorso de deixar os filhos em casa antes de viajar a trabalho por um ou dois meses –, e chefe exigente com prazos e metas estabelecidos e cobrados com rigor, Graça tem um calendário de “marcos” atrás da mesa, que detalha datas das diferentes fases das obras de sua área.

Raramente, ela sai antes das 21 horas e sempre carrega uma pasta enorme e grossa onde está escrito “Trabalho de Casa” à mão. Ali ela tem acesso a relatórios, notas técnicas e à agenda de reuniões do dia seguinte. “Mesmo que tenha reunião com minha equipe, eu me preparo, para a reunião andar rápido.” Em casa, além de olhar a “pastinha”, ela costuma tomar meia garrafa de vinho antes de dormir. Magra, elegante, ela diz que prioriza o vinho a qualquer outra iguaria. (Texto de Cláudia Schüffner)

Herdeiro da Cachaça 51 é condenado a pagar R$ 13 milhões

Por Beth Koike | De São Paulo/Valor

A briga que se estende há cerca de uma década entre os irmãos Benedito e Luiz Augusto Muller, herdeiros da Companhia Muller de Bebidas – dona da Cachaça 51 – ganhou mais um capítulo. O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o caçula Luiz pague uma indenização de cerca de R$ 13 milhões à empresa. Esse é o valor aproximado da causa e pode ser alterado, já que o processo ainda seguirá para o Supremo Tribunal de Justiça.

Benedito Muller é o autor do processo judicial que deu origem a essa longa batalha, que já teve inúmeras idas e vindas por conta recursos e hoje é um calhamaço com 17 volumes e mais de 3 mil páginas. Ele acusa o irmão de ter cometido várias irregularidades em 2004, quando foi o gestor da empresa. Entre elas estariam o aluguel de um Boeing e gastos de hospedagem com celebridades e autoridades convidadas para uma festa no Maranhão, que somariam despesas de R$ 472 mil.

Luiz Muller também é acusado de ter patrocinado uma festa para 300 “colunáveis” no apartamento de Donata Meirelles, da Daslu, em Paris. A festa, idealizada para divulgar a marca premium de cachaça Terra Brazilis no país da champanhe, recebeu um patrocínio de R$ 134 mil da Companhia Muller. Benedito também questiona uma parceria de R$ 447 mil para importação e distribuição de cachaça na Itália pela Campari Itália SPA. Porém, consta no processo que esse pagamento foi assinado pelo próprio Benedito. Procurado pelo Valor, o advogado de Benedito não respondeu aos pedidos de entrevista.

Outro questionamento é a divulgação da Cachaça 51 na São Paulo Fashion Week (SPFW) nos desfiles de 2005, 2006 e 2007. Para concretizar esse contrato, Luiz teria burlado um acordo de acionistas que exigia a assinatura de dois executivos da empresa para pagamentos entre 250 mil e R$ 500 mil. Segundo os autos do processo, “por tal raciocínio, o réu teria instrumentalizado um negócio único como sendo diversos contratos autônomos no valor de R$ 240 mil, escapando, assim, do teto de sua autonomia exclusiva para obrigar a empresa em quantia muito superior a que estaria legitimado a decidir, escapando da segunda assinatura”.

“A acusação do contrato com a Luminosidade, dona da SPFW, não é verdadeira. O contrato foi rescindido, só patrocinamos um desfile”, afirmou ao Valor Alex Costa Pereira, advogado de Luiz.

Também segundo os autos do processo, Luiz alega que todas essas ações fizeram parte da estratégia de marketing adotada na época para tornar a Cachaça 51 uma marca global e ampliar o consumo da bebida entre os públicos das classes A e B. “Discordamos da decisão. Entramos com recurso especial no STJ porque todos os pagamentos foram feitos em benefício da empresa. Estão querendo sufocar meu cliente financeiramente”, disse Pereira.

As ações de marketing foram criadas pela agência África, de Nizan Guanaes, que teria cobrado R$ 3 milhões pelos serviços e que também estão sendo questionados.

Segundo os autos, Luiz alega que após a empresa ter encerrado as campanhas de marketing, como consequência do seu afastamento da gestão, houve uma queda de R$ 70,4 milhões no faturamento em 2008. Desde 2007, a Companhia Muller é administrada por Ricardo Gonçalves, ex- Nestlé e Parmalat. O nome do executivo foi escolhido pelo Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. A decisão de profissionalizar o comando foi tomada pela família em 2004, um ano antes da morte do fundador, que já vinha acompanhando a disputa entre os irmãos. Luiz, porém, discorda da nomeação de Gonçalves.

Diante das desavenças entre os herdeiros, a empresa vem amargando resultados negativos e perdendo participação de mercado. Apesar de ser líder, com uma fatia de 30%, a dona da Cachaça 51 – lembrada pelo slogan “uma boa ideia” – não distribui dividendos desde 2006. O mercado de cachaça movimenta cerca de 600 milhões de litros por ano, segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac).

O próximo e último capítulo desse imbróglio é a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). É essa instância que vai definir o processo, descrito pelo juiz relator do Tribunal de Justiça de São Paulo, João Carlos Garcia, como “o flagelo bíblico de dois únicos irmãos pelo controle do patrimônio herdado do pai, segundo eles, um emigrante alemão que construiu um império econômico a partir de produção e venda de aguardente e bebida alcoólica (…) o curso de anunciada tragédia que somente o retorno à razão e ao bom senso de ambos poderá evitar.”

Jornal Valor Econômico

História da Caninha 51:

Caninha 51 ou Cachaça 51 é uma marca brasileira de cachaça, líder em vendas do mercado. É produzida pela Companhia Müller de Bebidas desde 1951, razão da origem do nome. Sua sede operacional fica na cidade de Pirassununga, Estado de São Paulo, sendo que seus conhecidos tonéis ficam à margem da Pista Sul da Rodovia Anhanguera , no Km 210, na conhecida Unidade Taboão. A empresa ainda possui uma destilaria, a da Fazenda Lageado, na cidade vizinha de porto Ferreira

Hoje, a Pirassununga 51 é exportada para mais de 50 países. Para o Chile, Portugal, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Suíça e Japão, essa bebida é exportada com o nome oficial de “Cachaça 51”.

Além da famosa garrafa de 1 litro que circula por todo o mercado nacional (onde ela possui 33% de participação) e do mundo, há também a versão de 500ml, feita em vidro, e a lata de 350ml. Na cidade de Sao Paulom, ela é responsável por mais de 50% do total consumido, fazendo dela o maior mercado nacional.

Fusão da Volkswagen com Porsche sai ainda neste ano

A montadora alemã Volkswagen poderá concluir a compra da totalidade do capital da Porsche ainda neste ano, de acordo com informações do jornal Der Spiegel, que são reproduzidas hoje por agências internacionais.

A Volkswagen é dona de 49,9% da montadora de carros de luxo e pretende assumir a fatia restante de 50,1%. O negócio é estimado em 3,9 bilhões de euros.

Conforme a reportagem, a Volkswagen deverá constituir uma holding para a operação, e que seria a detentora da participação na Porsche, com vistas a evitar o pagamento de mais de 1 bilhão de euros em impostos.

O jornal cita como fonte das informações executivos não identificados da própria montadora alemã.

(Stella Fontes | Valor, com agências internacionais)

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