Arquivo do dia: janeiro 18, 2012

Nova edição do livro de Hitler

Maria Fernanda Rodrigues – O Estado de S.Paulo

De tempos em tempos a publicação de uma nova edição de Mein Kampf (Minha Luta), livro escrito por Adolf Hitler nos anos 20 e que seria tomado como “a bíblia nazista”, volta ao debate.

Publicação terá uma tiragem de 100 mil exemplares - Pierre Logwin/Reuters
Pierre Logwin/Reuters
Publicação terá uma tiragem de 100 mil exemplares

A cada nova tentativa de devolver o livro às livrarias alemãs, o governo da Baviera, que alega ter os direitos sobre a obra (exceto nos Estados Unidos e no Reino Unido) do ditador, adota medidas legais contra quem insiste em retomar a questão.

E a editora britânica Albertas ousou trazer à tona esse assunto tão caro aos alemães. Ela se prepara para começar a vender, no fim do mês e em bancas de jornal da Alemanha, três edições de 16 páginas cada uma com excertos do livro de Hitler acompanhados de comentários críticos.

A publicação terá uma tiragem de 100 mil exemplares e será encartada na revista Zeitungszeugen, da mesma editora, que traz capas de jornais nazistas que circularam entre 1920 e 1930 – também com uma análise.

“Este é um assunto delicado na Alemanha e o mais impressionante é que a população de lá não tem acesso ao livro porque ele é tabu. Queremos que as pessoas possam ver o livro pelo que ele é, e então descartá-lo. Uma vez exposto, ele pode ser mandado para a cesta de lixo da literatura”, disse o diretor da Albertas, Peter McGee, à Reuters.

A polêmica anterior envolvendo o livro nazista foi protagonizada pela loja de Catar da rede de livrarias Virgin. Em dezembro de 2011, ela resolveu tirar o Mein Kampt de sua lista de indicações depois que um cliente se sentiu ofendido, fotografou a edição árabe e publicou a imagem na internet. A livraria tirou o livro do destaque, mas disse que ao indicá-lo não estava endossando o autor, suas ideias ou o conteúdo de suas páginas.

Um pouco antes, em 2010, pesquisadores do Instituto de História Contemporânea de Munique pressionaram o governo para que ele autorizasse uma edição comentada do livro. O argumento foi que em 2015 a obra entrará em domínio público e poderá, então, ser usada por grupos neonazistas para propósitos não muito nobres. Não tiveram sucesso na empreitada.

Não é difícil encontrar a obra em outros países ou até para download na internet. No Japão, interessados no assunto têm à disposição até mesmo uma edição em mangá, lançada em 2008. Outros autores pegam carona na polêmica publicação, como é o caso de Antoine Vitkine e seu Mein Kampf – A História do Livro, disponível em português pela Nova Fronteira.

Mais antigo carnívoro já encontrado é gaúcho

Animal viveu há mais de 260 milhões de anos no pampa gaúcho Crédito: Vinicius Roratto
Animal viveu há mais de 260 milhões de anos no pampa gaúcho
Crédito: Vinicius Roratto

Uma equipe de paleontólogos apresentou na manhã desta terça-feira, no Museu de Paleontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), uma das maiores descobertas dos últimos anos. Envolto por um tecido e recoberto de cuidados, o crânio de um predador que viveu há mais de 260 milhões de anos no pampa gaúcho, no Período Permiano, o último da Era Paleozoica, foi mostrado por profissionais do Brasil, da Turquia e da África do Sul.

A caixa óssea, com pouco mais de 35 cm com a coloração de uma rocha azul escura, é de um dinocefálio, uma espécie que antecede os mamíferos e os dinossauros, apresentado como o mais antigo carnívoro terrestre encontrado na América do Sul. A nova espécie foi denominada como “Pampaphoneus biccai”.

O nome do gênero significa em grego “matador dos pampas” e o da espécie (biccai) é uma homenagem a José Bicca, o proprietário da fazenda onde ele foi encontrado. A descoberta será publicada na próxima semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), considerada uma das mais importantes na área.

A partir de agora, a peça poderá ser vista no Museu, onde irá integrar o acervo junto com outros fósseis encontrados no Estado. Segundo o professor Juan Carlos Cisneros, um dos responsáveis pelo estudo, a confirmação de que seria uma nova espécie ocorreu quando houve uma série de comparações com as informações internacionais sobre o dinocefálio. Assim, se constatou que ele era diferente de todos os outros já identificados.

“Pelas características, ele é muito próximo à espécie que foi encontrada na Rússia. Mas não são iguais, o que consolidou o descobrimento de uma espécie”. Ele lembrou que o fóssil foi encontrado durante uma ação de busca em 2008, em uma fazenda na região dos pampas do Rio Grande do Sul. O local foi indicado como um bom local para haver as investigações por imagens obtidas por satélite.

Durante as atividades de campo, a peça foi encontrada, assim como outros itens significativos. Ele antecipou que a expectativa é ampliar as investigações nesta região do Estado, que é a centro sul. “Essa localidade nunca foi muito explorada. Ocorreram algumas buscas na década de 70 e depois foram suspensas. Por isso, acreditamos que será possível encontrar outros itens”, afirmou ele.

 

Correio do Povo

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