Pernambuco: um casamento e três funerais


Um casamento no condomínio mais luxuoso de Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife, na noite de sábado, acabou em tragédia, por volta das 2h30 de ontem.

 

No meio da festa, o noivo anunciou uma surpresa aos convidados e, em seguida, matou a tiros de pistola a noiva, o padrinho, feriu o sobrinho dela e cometeu suicídio. Momentos antes do crime, apontou para alguns amigos e diretores da empresa onde trabalhava, afirmou que eles eram felizes e disse a cada um deles que também alcançaria a felicidade naquela noite. Chegou a beijar a noiva segundos antes de matá-la.

O supervisor de vendas da Shineray Rogério Damascena, 29 anos, que disparou contra a própria cabeça depois de cometer o duplo homicídio, ainda foi levado pelo pai, João Bosco Pimentel Damascena, 59, ao Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife. Não resistiu aos ferimentos. Às 8h, a equipe médica decretou a morte cerebral e, às 11h, oficializou o falecimento.

Logo depois de atirar várias vezes contra a noiva, a bacharel em direito Renata Alexandre da Silva, 25, Rogério caminhou em direção ao gerente financeiro da Shineray, Marcelo André Zloceowick, 40, padrinho de casamento e um dos melhores amigos. “Ele efetuou diversos disparos.

Só a perícia do Instituto de Criminalística pode informar com certeza quantos foram, mas contei pelo menos três. Um na cabeça, outro no tórax e o último no braço”, afirmou o delegado João Brito, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). O sobrinho de Renata, Tiago Guerra, foi atingido de raspão no rosto. Após ser atendido num hospital particular do Recife, recebeu alta médica no fim da manhã de ontem.

A festa para 200 convidados ocorreu na área comum do condomínio Casa Grande D’Aldeia, no quilômetro 14. Testemunhas informaram à polícia que o noivo havia estacionado, à tarde, uma caminhonete Frontier próximo à área onde os convidados estavam sendo recebidos. Depois de avisar que faria uma surpresa, Rogério foi até o veículo, pertencente ao pai, e pegou uma pistola no porta-luvas. Escondeu a arma embaixo do paletó e voltou ao local. “Todos pensavam que ele iria trazer um presente para a noiva. Muitos imaginaram que seria um carro ou a chave do veículo”, comentou um convidado, que preferiu manter o nome em sigilo.

O delegado João Brito ressaltou que, quando Rogério sacou a pistola, a noiva se defendeu e chegou a correr. “Podemos afirmar isto porque os sapatos dela foram encontrados um pouco distantes do local onde estava o cadáver.”

Rogério chegou à festa numa motocicleta esportiva. Convidados informaram que ele demonstrava tranquilidade. “Ele cumprimentou um por um e agradeceu a presença de todos. Parecia bastante feliz com a festa de casamento. Nunca poderia imaginar que isso fosse acontecer. Ninguém imaginaria isso. Só em filme e olhe lá”, comentou uma convidada.

Jornal do Comércio/João Valadares

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