‘A Montanha dos Sete Abutres’, de Billy Wilder, conta a história de um jornalista que usa acidente em mina para voltar à fama
Um filme lançado em 1951 oferece um paralelo cinematográfico para o acidente real na mina de San José, no Chile, onde 33 homens estão presos desde 5 de agosto. Em “A Montanha dos Sete Abutres”, do celebrado diretor Billy Wilder, um homem fica preso em uma mina e, por causa da cobertura de um jornalista, se torna um fenômeno midiático e a principal atração de uma pequena cidade no Estado de Novo México, nos Estados Unidos.
No filme, há um toque perverso: o jornalista Charles Tatum (interpretado por Kirk Douglas), vê na história de Leo, o homem preso na mina, uma chance de ganhar fama e recuperar seu emprego em um grande jornal de Nova York. Primeiro repórter a chegar ao local, ele escreve textos sensacionalistas para um diário local e atua como espécie de diretor de cena, instruindo a esposa de Leo a parecer comovida, fazendo acordos com o xerife e até prolongando o resgate para conseguir mais tempo no noticiário.
A obsessão de Tatum por comover os leitores com a tragédia de Leo se resume em uma frase dita por Kirk Douglas no filme: “Good news is no news” (Boa notícia não é notícia, em tradução livre). A frase é frequentemente usada por quem critica o apetite da imprensa por histórias ‘negativas’.
“A Montanha dos Sete Abutres”, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro, foi inspirado na história real de W. Floyd Collins, preso em uma mina no Estado americano de Kentucky em 1925. O repórter William Burke Miller, que então trabalhava para um jornal de Louisville, ganhou o prêmio Pulitzer pela cobertura do acontecimento, que se tornou sensação nacional.
Luísa Pécora, enviada a Copiapó, Chile