Por desinformação, quase não há animais doadores e hospitais veterinários têm de comprar sangue
Se conseguir doadores de sangue já é um dilema para os humanos, no mundo animal é ainda pior. A maioria desconhece, mas os cães e os gatos precisam de transfusão de sangue, principalmente quando são submetidos a grandes cirurgias. O problema é que há pouca informação e por isso quase não há voluntários.
Doar sangue não é uma atividade exclusivamente humana. Cães e gatos também podem ajudar a salvar a vida de seus semelhantes, já que o número de doadores é baixo. De acordo com estudo do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, não é possível atender a cerca de 30% dos casos em que a transfusão de sangue é necessária por falta de doadores.
— Precisamos incentivar a doação de sangue de cães e gatos. O problema é que o dono tem que querer levar o animal até nós — diz o veterinário Marcio Moreira, da Universidade Anhembi Morumbi.
Os pré-requisitos para virar um doador são: cães devem pesar mais de 25 quilos e gatos, 4 quilos, ter entre 1 e 8 anos, ser dócil, estar vacinado e vermifugado. O animal passará por uma bateria de exames gratuitos antes de ser aceito para preencher uma bolsa de sangue contendo 450 ml (cães) e 10 ml (gatos), geralmente usada em casos de atropelamento, doenças, cirurgias e intoxicações.
Segundo o médico veterinário Marcelo Quinzani, diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care, em hospitais há uma incidência grande de transfusões. “Além do tratamento auxiliar no combate ao câncer, o procedimento é utilizado em acidentes com hemorragias e rompimento de órgãos; e também em casos de doenças sanguíneas, como a erlichiose (transmitida pelo carrapato). O problema é que há poucos voluntários e isso obriga clínicas terem animais para esse fim, ou mesmo fazer parcerias com canis”, conta o veterinário
Para incentivar as doações, muitas clínicas oferecem exames gratuitos, como hemogramas e testes contra doenças infectocontagiosas. A professora do curso de medicina veterinária da USP Denise Fantoni, responsável pelo banco de sangue da universidade, acredita que poucas pessoas tenham consciência do problema. “O que vemos é que o brasileiro não é tão legal assim. As pessoas não pensam no lado social, que vão pegar o cão dela e dar o sangue para salvar outro”.
O Banco de Sangue da USP existe há cinco anos e sobrevive graças a parcerias com canis e cadastro de alguns voluntários. Qualquer cão sadio, com peso acima de 27 quilos pode fazer a doação. A USP faz exames grátis de doenças infectocontagiosas e tipagem sanguínea antes de fazer a transfusão – os cães têm mais de sete tipos de sangue. Por mês, segundo a médica, são utilizadas mais de 20 bolsas de 450 ml. A coleta é segura, deve ter intervalo mínimo de um mês, e pode ajudar até quatro animais – de cada bolsa é separado plaquetas, plasma, hemácia e o precipitado (fração do plasma).
Fabio Britto/JT
Locais para doar sangue
Banco de Sangue da Universidade de São Paulo:
oferece consulta e exames para diagnosticar doenças infectocontagiosas
3091-1300
Pet Center Marginal:
os doadores animais ganham uma avaliação física e um exame de sangue (hemograma)
2797-7400
Hospital Veterinário PetCare: os doadores ganham exames de sangue (hemograma)
3743- 2142