A grande família
Adnet não é só sobrenome de humorista. Marcelo pertence a um clã de músicos

A matriarca da família Adnet, Carmen, de 80 anos, e a caçula Antônia, de 24, lançaram neste mês, respectivamente, os álbuns Chopin, com interpretações do músico polonês Frédéric Chopin (1810- 1849); e Discreta, com composições próprias de Antônia. Os dois lançamentos se somam a uma vasta coleção de trabalhos musicais feitos pela família, que tem entre seus entes o humorista Marcelo Adnet, apresentador do programa 15 Minutos, na MTV.
“Essa história teve início comigo”, diz Carmen, tia-avó de Marcelo. “Fiz o que poucas pianistas fazem. Fundei uma família musical de que me orgulho muito.” Em meio a partituras, seguiram pelo mesmo caminho suas filhas, além de vários sobrinhos, como os maestros Chico e Mario, filhos de Cezar Adnet, irmão de Carmen. O primeiro é pai do humorista Marcelo e o segundo, pai de Antônia.
Ironicamente, quem chama mais a atenção na mídia é Marcelo, e por causa do humor. Mas seu dom com as cordas, aprendido em aulas de música na infância e mostrado nas ‘palhinhas’ ao lado de Kiabbo, não passa despercebido pelos telespectadores. Em quase todo programa, ele saca o violão ou acompanha o colega imitando de José Wilker a Silvio Santos.
Ciente do talento do primo, Antônia o convidou para participar de seu disco, na canção Pessoas Incríveis. Detalhe: as tias Muiza e Maucha também cantam nessa faixa, composta pelo pai de Antônia, Mario, produtor do álbum.
Mario, aliás, foi bastante citado na imprensa na década de 90 após Tom Jobim ter gravado seu arranjo para a canção Maracangalha, de Dorival Caymmi. Pela gravadora Biscoito Fino, ele já lançou quatro CDs e um DVD, um deles o celebrado Para Gershwin e Jobim. “Meu pai foi uma superinfluência para mim”, diz Antônia.
Tio de Antônia e pai de Marcelo, Chico Adnet não economiza nos elogios ao filho e à sobrinha. “Marcelo cresceu me ouvindo tocar e me vendo compor jingles. Ao participar do disco de Antônia, ele deixou de ser caricato para cantar de forma séria”, diz. Marcelo concorda. “Não era mesmo o momento de fazer humor”, conta. “Já tive vontade de lançar um disco com algumas composições próprias, mas hoje não tenho tempo para fazê-lo por conta das gravações dos programas da MTV.”
Antônia fez parte da banda da artista e amiga Roberta Sá, quando ela lançou seu primeiro trabalho solo. Agora foi a vez da cantora potiguar fazer participação especial no trabalho de Antônia, interpretando a canção-título, Discreta. Roberta Sá também assina o release enviado à imprensa, no qual lembra que Antônia “nasceu no berço de ouro da música popular brasileira”.
Antônia também se diz fã do primo, Marcelo Adnet – não só pelo gosto que ele sempre teve pelas piadas. “Nas reuniões de família, ele sempre cantou. Quando ouvi a música Pessoas Incríveis lembrei na hora de Marcelo e o convidei para participar”, diz. “É uma canção muito bonitinha”, garante o humorista, satisfeito com o estilo adotado pela prima. “Não gosto de rock, gosto de música regional, amo samba, MPB e bossa nova.”
O pai de Marcelo é também dono do selo Repique Brasil, que lançou o álbum da tia Carmen. “Ela vive intensamente a obra de Chopin”, afirma Chico. Carmen representou o Brasil em 1949, quando venceu em Varsóvia, na Polônia, um concurso sobre Chopin. “Por mais de 20 anos eu também lecionei piano na Universidade de Viena”, fala a artista.
Carmen, que é especialista na obra do compositor polonês, conta que decidiu gravar este disco para comemorar o bicentenário de nascimento de Chopin, completado no dia 1º de março. “Ironicamente não ensinei minhas filhas a tocar piano. Para estudá-lo é preciso um distanciamento, porque é necessário disciplina.”
FELIPE BRANCO CRUZ, felipe.cruz@grupoestado.com.br
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