Foi uma reconciliação com o passado, um encontro com os fantasmas que durante anos acompanharam o filho de Pablo Escobar, um dos maiores narcotraficantes da história.
Mais de 16 anos depois de o pai ter sido abatido a tiro num telhado de Medellín, Juan Pablo mudou de nome e de país. Vive na Argentina e jurou nunca mais voltar à Colômbia. Mas regressou, para fazer algo impensável: pedir perdão a alguns dos filhos das vítimas do pai. A ideia foi do realizador Nicolás Entel, que registou o momento num documentário histórico: “Os Pecados do Meu Pai“.
Se é verdade que um filho continua a obra do pai, Juan Pablo Escobar, 32 anos, teve o requinte de tentar corrigi-la. Como o nome indica, Juan Pablo é filho do megatraficante colombiano Pablo Escobar. Aliás, indicava. Ele o mudou: em Buenos Aires, onde vive há 15 anos, onde se formou em Arquitetura e de onde não pretende sair, é conhecido como Sebastián Marroquín. Mas Marroquín, mesmo tendo trocado o nome, não rejeita seu passado. Saiu do anonimato para dar novo contorno à trajetória paterna, em busca de depuração.
Pablo Escobar chamava-lhe o “filho pacifista”. Era com ele que o narcoterrorista vestia a pele de cordeiro: adormecia-o com livros do Topo Giggio, ensinava-o a andar de bicicleta, e juntos passeavam no jardim zoológico privado que o pai mandara construir na casa da família. Juan Pablo viveu assim quase duas décadas, entre o sonho e o abismo: “Vivemos como fugitivos. Chegamos a estar escondidos com ele, rodeados de milhões de dólares, e a morrer de fome”, disse à Reuters. Passaram 16 anos sobre o tiroteio fatal para o líder do cartel de Medellín. Mas nem a morte do pai lhe retirou a condição de fugitivo: o DNA nocivo transformou-o num exilado, tal como à viúva do traficante, María Isabel Santos.
Ele foi convencido pelo diretor de cinema argentino Nicolas Entel e voltou à Colômbia, país que seu pai um dia pontilhou de sangue. A missão da viagem era de paz. No documentário Pecados de Mi Padre, com imagens em que Escobar aparece em viagem à Disney e na primeira comunhão do filho, por exemplo, ele busca se reconciliar com as famílias de dois políticos mortos a mando do pai nos anos 80 — o ministro da Justiça Rodrigo Lara e o candidato presidencial Luis Carlos Galán.
Marroquín expõe o lado extravagante do chefão do Cartel de Medellín, responsável, nos anos 80, por 80% do mercado mundial de cocaína, com faturamento de US$ 1 milhão por dia — chegou a ter a sétima maior fortuna do mundo, segundo a revista Forbes. Lembra como o pai, que para muitos era um “Robin Hood de Medellín” — pois ajudava os pobres —, encomendou mais de 200 animais exóticos para seu zoológico particular.
O mais chocante, porém, é sua atuação como líder do Cartel de Medellín — chegava à crueldade de enviar convite para o enterro das pessoas que mataria no dia seguinte. Sua campanha de terror, especialmente depois que foi determinada a extradição para os EUA, deixou centenas de mortos, entre políticos, jornalistas e juízes. Em dezembro de 1993, foi morto pela polícia.
Um dos momentos mais fortes do documentário é aquele em que Rodrigo Lara, filho do ministro de mesmo nome, morto em 1984, vai encontrá-lo em Buenos Aires. Em um parque, o abraça e diz:
— Não podemos continuar alimentando esse círculo de ódio, ou nunca vamos sair dele.
Depois, outra cena marcante. Marroquín viaja para a Colômbia. Objetivo: encontrar os filhos de Galán — entre eles, o atual senador Juan Galán (video abaixo após o reencontro). Ao encontrá-los , usa uma frase que poderia ter sido epígrafe do filme:
— Estou aqui para pedir perdão e olhar nos olhos de cada um de vocês.
Pelo jeito, Marroquín está conseguindo esse perdão, apesar das acusações que o identificam como comparsa do seu pai — o que ele nega veementemente.
ZERO HORA // // //
Comentários
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quero comprar o filme PECADOS DE MEU PAI, desejo muito este filme onde comprar? Podem me ajudar?
quero muito comprar este pecados de meu pai, se possível vocês poderiam me ajudar a encontrá-lo.
Alexandre Santos.
gente….ond estao os direitos humanos…..ninguem pode pagar pelos pecados do outro ,ate biblicamente isso é impossivel…..os civis tem personakidade independente,oq fazem com os herdeiros de pablo é uma ofensa paa o direito
n consegui ver o documentário dele ainda! mas no minimo ele ta tocando o negócio do pai! se pablo fosse o meu pai., eu iria continuar com a carreira dele, n estou defendendo pablo escobar! se tornaria uma obrigação pro cara, sempre teve no meio disso,. n tem como n ser como o pai
A natureza humana quando é boa é uma dádiva! Quando se a tem, nem um pai assassino pode derrubá-la.
No entanto, além da natureza boa, foi necessário disposição e coragem desse menino (digo menino pois tenho um filho quase dessa idade). Tal coragem teve um feliz encontro com a tolerancia, a doçura, o amor e o perdão das famílias envolvidas.
Tomar conhecimento de coisas assim é muito edificante para mim.
Atenciosamente.
Etiene.