Recentemente Tina Turner anunciou a sua aposentadoria. Não gravaria mais discos e nem faria mais shows. Pelo menos com relação à sua segunda decisão, a cantora norte-americana decidiu voltar atrás. Após lançar uma coletânea no ano passado, Tina Turner seguiu em uma turnê comemorativa de seus 50 anos de carreira (e 70 de idade) que rodou meio mundo em uma superprodução.
E, como não poderia deixar de ser, agora chegou a vez dos inevitáveis CD e DVD ao vivo. Lançado, por ora, somente no exterior, “Tina Live” (pacote com CD e DVD vendidos juntos) traz a apresentação de Tina Turner no GelreDome, em Arnhem (Holanda). O DVD traz o show completo, enquanto o CD apresenta uma ótima edição com 15 faixas, que tirou alguns excessos da apresentação, como a longa apresentação dos músicos e bailarinos, e algumas canções menos importantes.
Qualquer resenha sobre “Tina Live”, por mais previsível que seja, não poderia deixar de fazer a seguinte pergunta: “Como uma cantora no alto de seus 70 anos de idade, consegue cantar e dançar durante 140 minutos, e ainda estar em forma?”. Mas é isso mesmo. Tina Turner dança sem parar e – acredite! – ainda canta. Estamos tão acostumados ao mundo do playback, de Madonna a Michael Jackson, passando por Britney Spears, que, hoje, quem canta ao vivo no palco é raça em extinção. Pois Tina Turner canta. E canta muito bem. E ainda por cima, está com umas pernonas de causar inveja a qualquer adolescente de 15 anos. Ah, e quer saber de uma coisa? Joguem Britney Spears (que não dança, não canta e está gorda) no lixo!
O repertório de “Tina Live” traz os grandes sucessos que Tina Turner acumulou nos seus 50 anos de carreira. É clássico atrás de clássico, passando por todas as fases de sua carreira, da seminal “Nutbush City Limits” (que encerra a apresentação com a temperatura lá em cima) a “Goldeneye”, música menos inspirada que foi tema de James Bond. E os outros clássicos? Tome “River Deep Mountain High”, “What You Get Is What You See”, “The Acid Queen”, “Private Dancer”, “Let’s Stay Together”, “Proud Mary”, “The Best” etc. etc. etc.
Já o vídeo mostra uma superprodução no estilo da última turnê de Madonna. Cenários grandiosos, inúmeros bailarinos, coreografias ensaiadinhas e muita luz fazem de “Tina Live” um DVD bom de ser visto, embora, em alguns momentos soe um pouco “out” por conta de alguns excessos, como Tina Turner fantasiada de Aunty Entity, sua personagem no filme “Mad Max 3”, do qual a canção fez parte da trilha sonora. Mas se todo mundo, de U2 a Madonna, pode se exceder e ser cafona nesses grandes shows, por que Tina Turner não poderia?
“Tina Live” é uma boa amostra de como Tina Turner foi relevante para a música nos últimos 50 anos – ela iniciou a carreira aos 18 anos como cantora na banda de seu futuro marido Ike. Agora só falta Tina Turner revogar o seu decreto de não gravar mais álbuns de inéditas. De repente, ela mostra que ainda pode ser relevante para a música…
Luiz Felipe Carneiro/Esquina da Música