O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma visão “bastante correta” ao afirmar, no ano passado, que a crise financeira no Brasil provocaria apenas uma “marolinha”, de acordo com o jornal francês Le Monde desta quinta-feira.
A publicação destaca que a recessão brasileira durou somente um semestre. O texto cita o aumento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2009, depois da queda nos dois trimestres imediatamente anteriores e ainda recuperação do Real e da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
“A rápida recuperação do Brasil demonstra a precisão da estratégia adotada pelo governo e concentrada no apoio do mercado interno. As reduções de impostos a favor das indústrias de automóveis e de eletrodomésticos mantiveram as vendas nestes nestes dois setores cruciais”, explica o Le Monde, lembrando que a confiança do consumidor brasileiro jamais chegou a ser abalada.
No artigo, intitulado “A retomada do crescimento mundial se baseia nos Brics”, o jornal apresenta o panorama financeiro dos países do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, um ano após a queda do banco Lehman Brothers, considerada o marco da atual crise econômica global.
“É para os grandes países emergentes que se direciona hoje a esperança de que a fase de recuperação do nível de vida vai se acelerar. E que seus modelos de crescimento, até hoje essencialmente baseados nas exportações, vão progressivamente dar lugar a um novo modelo de desenvolvimento, garantindo mais importância à demanda interna”, afirma a publicação francesa.
O Le Monde afirma ainda que a previsão de crescimento chinês, de 8% para o PIB de 2009, deve ser atingida. No entanto, destaca que o modelo financeiro do país favorece o investimento em detrimento do consumo. O diário francês lembra também que a Índia conseguiu manter um crescimento sustentado, principalmente nos setores de indústria e serviços. Já a Rússia, tida como o país mais atingido dos Brics pela crise, parece apresentar recuperação, segundo a publicação, com um aumento do PIB nos últimos meses.