O Comando da Aeronáutica negou que o “pallet” coletado por fragata da Marinha seja destroço do A-330 da Air France. Em nota divulgada na noite de ontem, a Força Aérea disse que o suporte para acomodação de cargas não pertencia ao avião. O documento revela que as aeronaves já vasculharam mais de 185 mil quilômetros quadrados, área equivalente ao Estado do Acre. Elas continuaram avistando vestígios isolados nas áreas de busca como manchas de óleo e bóias.
Mas, em Recife, o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, Ramon Borges Cardoso, adianta que se trata de óleo de navio. O brigadeiro enfatiza que o A-330 somente poderia deixar na água um rastro de querosene. O diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo confirma que ainda não se recolheu qualquer destroço do A-330. Ele também começa a manifestar pessimismo em relação ao encontro de corpos.
Nesta sexta-feira, alguns familiares das vítimas seguem para Recife para conhecer detalhes das operações de busca na sede do Cindacta-3. Eles fazem parte de uma comissão criada informalmente na quinta-feira para agilizar entendimentos com as autoridades.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, elevou a temperatura dos fatos ao sugerir que a Airbus e a Air France são responsáveis pelo acidente. Ele lembra que a Agência Européia de Segurança da Aviação emitiu nota técnica em janeiro deste ano sobre o A-330 e o A-340. Segundo o governador, a nota chama atenção para ocorrências anormais quando essas aeronaves eram submetidas a condições climáticas adversas. Sérgio Cabral diz que seu governo vai se colocar ao lado das famílias dispostas a exigir explicações das duas empresas.
A diretora geral da Air France no Brasil, Isabelle Birem, se esquivou de comentar a nota técnica da Agência e as declarações do governador. Ela promete falar sobre o assunto em outra ocasião. O vice-presidente internacional da Air France, Jean Claude Cros, nega que a empresa tenha conhecimento do aviso da Agência Européia de Segurança da Aviação. Ele lembra que, se esse documento existisse, nenhum piloto estaria disposto a decolar em qualquer aeronave da família A-330.
Essas informações e contra-informações das autoridades e dirigentes da empresa contribuem apenas para aumentar a angústia dos familiares. Nelson Faria Marinho, que perdeu um filho de 40 anos no vôo AF 447, queixou-se da falta de transparência nas informações repassadas. O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Koucher, veio ao Brasil para visitar familiares das vítimas e participar de culto ecumênico na igreja da Candelária. Ele admite que ouviu reclamações, mas negou que o governo francês ou a Air France estejam escondendo informações.
O chanceler francês também fez questão de enfatizar que está descartada a hipótese de ato terrorista na queda do avião. E perante perto de duas mil pessoas que lotaram o templo no centro do Rio, Bernard Kouchner apresentou, em português, mensagem do seu governo. Uma mensagem do presidente Lula também foi apresentada pelo chanceler Celso Amorim durante a solenidade ecumênica. Mais tarde, o ministro brasileiro das Relações Exteriores comentou o conteúdo das palavras do chefe da nação.
Os familiares dos desaparecidos chegaram à igreja da Candelária em três ônibus alugados pela Air France. Dona Julieta, mãe de Marcelo Parente, chefe de gabinete do prefeito do Rio, afirma que está à espera de um milagre. O ministro das Relações Exteriores da França voltou ontem mesmo para seu país, a bordo de avião da Air France.
Bernard Kouchner embarcou num A-330 e fez o vôo AF-447, o mesmo que partiu do Galeão domingo passado e desapareceu no oceano. O presidente Lula estará hoje, no Rio de Janeiro, para missa em memória dos desaparecidos na Igreja de Nossa Senhora do Carmo. O ato religioso está marcado para às 18h e foi organizado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.
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