O jornalista e ex-deputado Márcio Moreira Alves , de 72 anos, faleceu na noite desta sexta-feira, de falência múltipla dos órgãos, no Hospital Samaritano, no Rio. Ele estava internado há cinco meses por causa de sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O velório será realizado na Assembleia Legislativa do Rio, mas ainda não tem hora marcada.
Moreira Alves nasceu no Rio de Janeiro em 14 de julho de 1936 e ficou conhecido pelo discurso que fez na Câmara sugerindo o boicote às comemorações do 7 de Setembro de 1968. Logo depois, o governo militar instaurou o Ato Institucional número 5 (AI-5), que dava poder irrestrito aos governantes com direito à censura a meios de comunicação e permitia o fechamento do Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.
Por causa do discurso, Moreira Alves – na época deputado federal eleito pelo MDB – encabeçava a lista de 11 deputados que teriam o mandato cassado. O pedido de cassação foi rejeitado pelo plenário da Câmara.
Com o agravamento da crise política no país, ele deixou o Brasil ainda em 1968 e foi para o Chile, onde ficou exilado até 1971. Depois morou na França, Cuba e Portugal. Retornou ao Brasil em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia.
De volta, filiou-se a o PMDB e tentou se reeleger novamente como deputado, mas não conseguiu. Em 1984, passou a assessorar Bresser Pereira na Secretaria de Governo do Estado de São Paulo e, em 1987, foi Subsecretário para Relações Internacionais do governo do Estado do Rio de Janeiro. Três anos depois desfiliou-se para montar uma assessoria política.
Como jornalista trabalhou no Correio da Manhã e colaborou com os jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil. Ganhou o prêmio Esso de jornalismo pela cobertura da crise política em Alagoas, em 1957, quando a Assembleia Legislativa do Estado foi invadida. Ele foi atingido por um dos tiros mas mesmo ferido conseguiu passar a reportagem por telegrama.