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O Rap das Armas, de Cidinho & Doca, que ficou conhecido do grande público por estar na trilha sonora original do filme Tropa de Elite, está entre as músicas mais tocadas na Holanda nos últimos meses – é a número 1 nas rádios em um remix feito por Quinten van den Berg, mais conhecido como DJ Quintino. O refrão também é, atualmente, um toque de celular bastante popular entre os jovens holandeses.
A aparentemente inocente ‘musiquinha do parapapa’ (parapapa liedje), como é comumente chamada na Holanda, está causando polêmica. O rap, que fala da guerra do tráfico nos morros cariocas, fazendo apologia ao uso de armas e violência, não tocou nas rádios brasileiras justamente por isso, mas para a grande maioria dos holandeses, que não entende uma palavra de português, soa apenas como uma música alegre e ritmada.
O remix caiu no gosto dos holandeses, mas quando se descobriu do que falava a letra, e que o refrão ‘parapapa’ faz referência a tiros de metralhadora, a polêmica começou.
Esta semana, a ‘musiquinha do parapapa’ foi tema do Jeugdjournal, o jornal dedicado ao público infantil da televisão holandesa. A matéria rendeu uma centena de comentários no site do programa, com opiniões bem variadas. Em comum, a surpresa da maioria dos espectadores em saber do que fala a ‘musiquinha do parapapa’.
Alguns dos comentários postados no site do Jeugdjournal:
“Achava uma música legal, mas quando soube que falava de tiros e violência, fiquei me achando burra por um dia ter gostado disso.” (Isabella)
“Eles não têm outra opção lá além de matar e traficar. Quem já foi alguma vez ao Rio de Janeiro entende isso. Acho que a música tem intenção de ser sarcástica para mostrar que não há escolha e que a polícia é tão ruim quanto os traficantes, ela também mata muita gente inocente. Portanto, acho que uma música alegre sobre violência é bom, porque de outra forma esta mensagem não chega até as pessoas.” (Uriël)
“Acho bem grave. Acho a música superboa, mas agora que sei do que se trata e que ando cantando uma coisa assim, acho bem estranho.” (Endale)
“Acho que é uma música bacana, mas acho que uma coisa assim não poderia tocar nas rádios holandesas.” (Inge)
Mariângela Guimarães/Radio Nederland