Preso por tráfico podia usar droga em casa


O publicitário Paulo de Tarso Forni, de 62 anos – pai do lutador de judô Henrique Dornelles Forni, o Greg, de 25 anos, preso anteontem sob a acusação de tráfico internacional de drogas – afirmou ontem que seu filho fuma maconha desde os 15 anos e que, desde então, o jovem tem sua permissão de consumir a droga dentro de casa. – Ele (Henrique) tem uma dislexia e começou a fumar maconha aos 15 anos. Ele tomava tanto remédio, e parou de tomar com isso. Faz mal fumar maconha? Não sei.

Eu não discrimino ninguém que fuma. Prefiro até que ele fume dentro de casa. Ele fumava em casa e eu permitia – afirmou o publicitário, que chamou a operação policial de “circo montado pela PF”. Paulo de Tarso afirmou que não bancava o vício do rapaz. Explicou que, como Henrique tem um filho de 1 ano, dava-lhe dinheiro para comprar coisas, como fraldas e frutas: – A maconha custa pouco. Se ele pegava o dinheiro para comprar droga, não sei.

Para o publicitário, seu filho foi considerado culpado antes mesmo de um julgamento: – A Polícia Federal está sendo panfletária, está fora da função da polícia, e os juízes estão no mesmo time.  Para o pai, não existe a hipótese de o filho ter vendido armas para bandidos no Morro do Turano e ter passado noites na comunidade: – Ele passa todas as noites em casa. E a última viagem dele para o exterior foi para a Disneylândia, aos 7 anos.

Para o psiquiatra Gabriel Bronstein, o pai de Henrique não lhe deu limites. – Isso mostra uma falta de limite. E dislexia é transtorno de linguagem, nada tem a ver com comportamento. Ele pode ter algum problema que exige uso de medicamentos, mas o uso terapêutico da maconha é bem discutível.

O advogado Carlos de Paula Souza, que defende Henrique, foi visitá-lo ontem no Presídio Ary Franco, em Água Santa. Ele declarou que o rapaz é viciado em maconha e haxixe. – As drogas pioraram seus problemas.

Mas o fato é que não há provas contra Henrique. Estilo de vida que lembra ‘Meu nome não é Johnny’ A boa vida dos jovens de classe média envolvidos com o tráfico de ecstasy no Rio não se limita a Henrique Forni, o Greg. Entre os presos pela Polícia Federal na Operação Nocaute, está aquele que os policiais apontam como um líder na quadrilha: Rodrigo Gomes Quintella, o Kalled.

No ano passado, o rapaz de 35 anos passou 50 dias viajando pela Europa: visitou Amsterdã, na Holanda, Madri, na Espanha, e Lisboa, em Portugal. Sempre acompanhado de uma namorada e cercado de luxo. – A investigação sobre ele nos fez lembrar muito do João Estrela, o Johnny, que originou um livro e um filme homônimo. Tudo que ele ganhou com a droga, gastou – afirmou o delegado Victor Cesar Carvalho, da Polícia Federal. R$ 20 mil em festas Os policiais suspeitam que a viagem de Kalled tenha começado após uma negociação de drogas.

Durante os dez meses em que foi investigado pela PF, o rapaz morou em Copacabana de aluguel e só andava de táxi. Kalled chegava a gastar R$ 20 mil em festas. Os negócios dele surpreenderam os policiais. Pela cocaína colombiana, Kalled pagava US$ 6 mil (pouco mais de R$ 13 mil). Ele vendia o pó na Europa por US$ 24 mil (cerca de R$ 54 mil). Ele comercializava a cocaína por quatro vezes o valor que comprava. Na Europa mesmo, o rapaz comprava o ecstasy e, através de mulas, enviava a droga para o Brasil. Essa negociação chamou a atenção dos policiais federais. Todos os pagamentos foram feitos no exterior e nenhum dinheiro entrou no país.

A Polícia Federal ainda procura por seis jovens, todos de classe média, que estariam envolvidos no esquema.

Extra

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