A estudante Rosane Nunes Lopes (foto), de 16 anos, foi encontrada morta domingo à tarde no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, com duas facadas no peito e o corpo retalhado. Moradores de Nilópolis, os parentes só reconheceram o corpo da adolescente, na segunda-feira à noite, no Instituto Médico-Legal do Rio. Eles passaram o fim de semana peregrinando pela Baixada Fluminense e colando cartazes em busca de notícias da menina, que havia desaparecido sábado. O corpo da adolescente foi abandonado nos fundos do cemitério no meio de um matagal.
Os parentes acreditam que a menina tenha sido sacrificada em um ritual satânico, conduzido pelo namorado. O corpo de Rosane tinha vários desenhos possivelmente feitos a punhal. No domingo, amigos da garota, preocupados com o sumiço, revelaram à família que ela mantinha há seis meses encontros secretos com um skinhead – integrante de um grupo de jovens carecas e geralmente violentos – de 24 anos, morador de Anchieta.
O casal freqüentemente se encontrava em cemitérios, onde ingeria bebidas alcoólicas e namorava. Segundo os amigos, ele mantinha relações com várias meninas em um quarto nos fundos da casa da mãe dele. Zaninha, como Rosane era chamada pela família, contava que, nas paredes, havia inscrições como “Lúcifer, o melhor rei dos reis”.
Zaninha saiu de casa à tarde para ir a uma lan house. Foi vista pela última vez subindo na garupa de uma moto. Segundo os amigos, há algumas semanas ela contou que queria terminar com o namorado. Mas eles haviam feito um pacto.
Assim que souberam do romance secreto de Rosane, através de amigos, parentes foram à casa do suposto namorado em busca de notícias de Rosane. No próprio domingo, o rapaz foi prestar depoimento como testemunha do desaparecimento na 57 DP (Nilópolis). Até então, o corpo estava desaparecido. Assumiu que fornecia bebida alcoólica para a adolescente, que mantiveram relações sexuais e a viu bêbada.
O rapaz, que conheceu Rosane através do MSN, afirmou, no entanto, que não a via há três semanas. E que passou o fim de semana na companhia de uma outra “ficante”, de 18 anos, moradora da Gávea.
Roteiro sinistro pela Internet
Para a família, uma menina gentil, simpática e amorosa. Para os amigos, uma adolescente envolvida em uma trama que misturava pacto de morte, sexo, adoração ao demônio e bebedeiras. Criada em uma família evangélica, Zaninha tinha horário para chegar em casa e jamais havia dormido uma noite fora de casa. Sua nova distração era praticar Le Parkour, esporte francês em que pessoas usam a habilidade do corpo para transpor obstáculos como rampas.
Foi através de um território livre, a Internet, que a garota – integrante de uma tribo chamada emo, que reúne adolescentes que usam visual escuro e adoram rock romântico – conheceu o novo namorado, skinhead. Possessivo, segundo as amigas, ele a convenceu a obedecer a um pacto. Caso não fosse mais fiel a ele, Zaninha morreria. A aventura do início deu lugar ao medo. Segundo amigos, no sábado, Zaninha tinha saído resolvida a terminar o namoro. Ela recebia ameaças anônimas por Orkut
Clarissa Monteagudo – Extra
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