Médicos brasileiros e estrangeiros estão reunidos no Rio para discutir uma nova técnica que permite tratar a dor lombar crônica sem cirurgia. O procedimento minimamente invasivo é a epiduroscopia, que consiste na introdução de um catéter pela região sacral pelo qual são conduzidos uma câmera e os medicamentos em baixa dosagem que serão aplicados diretamente no foco da dor. Até agora, o procedimento só pode ser feito nas vértebras mais baixas da coluna lombar (L4 e L5). Veja como é o método. Para atingir trechos mais elevados da coluna seria necessária uma incisão de meio centímentro mais próxima da área a ser explorada. Entre os que têm menos de 45 anos, as lombalgias são a primeira causa de incapacitação, segundo dados do Centro Nacional de Estatísticas para a Saúde, dos Estados Unidos.
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– Cerca de 80% da população sofrerão de dor de coluna em algum momento da vida. Até agora, a maioria dos pacientes incapacitados pela dor eram tratados em cirurgias abertas. A epiduroscopia permite investigar, diagnosticar e tratar os problemas mais freqüentes, como a hérnia de disco, sem expor o paciente aos riscos de uma cirurgia de grande porte e sem danificar a estrutura vertebral – explica o neurocirurgião Marcos Masini, professor da Universidade Federal de São Paulo e da Universidade do Planalto Central, em Brasília, um dos coordenadores do Simpósio internacional de Epiduroscopia e Discectomia Percutânea Endoscópica.
Alívio imediato e menos riscos
Criador da técnica, o neurocirurgião italiano Alberto Alexandre explica que o método, que é realizado no centro cirúrgico sob anestesia local, é capaz de dissolver as fibroses formadas em conseqüência de artroses e hérnias discais.
– O tratamento não traz uma correção morfológica. Mas, ao promover o alívio da dor praticamente imediato, dá chance ao paciente de fazer um acompanhamento fisioterápico, o que é impossível no auge da crise – afirma o italiano, acrescentando que os riscos são mínimos se comparados com as técnicas convencionais. – A alta é dada no mesmo dia.
A nova técnica pode ser associada à discectomia, método que usa ondas de alta freqüência para eliminar a dor. O catéter leva até o ponto da dor a fonte de alta freqüência.
– Com as ondas, é possível remover tecidos inflamados do interior dos discos sem necessidade de cirurgia. O risco de uma complicação cai para um a cada mil intervenções – diz o ortopedista alemão Stefan Hellinger, da Universidade de Munique.