Brasília – Em entrevista coletiva, o ministro Gilberto Gil confirmou que está deixando a pasta que ocupava desde o início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que o secretário- executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, assumirá interinamente. “A intenção do presidente é que Juca Ferreira assuma efetivamente o ministério (quando voltar de viagem)”, disse.
O presidente e o ministro da Cultura se reuniram na tarde desta quarta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília. Gil disse que “a reunião com Lula foi muito boa” e alegou questões pessoais para deixar o cargo. Sobre os cinco anos e meio à frente do ministério, Gil afirmou: “Acho que tudo foi bom, houve sinergia entre o trabalho do artista e do ministro. Isso foi reconhecido”.
Gil disse que tomou a decisão porque sua carga de trabalho aumentou, na medida em que ele começou a gravar um disco e voltou a compor. “O próprio presidente percebeu que a situação poderia ficar crítica”, disse.
Ele afirmou ainda que conversou com Lula sobre a saída por telefone quando retornou de uma licença. Ele retomou as funções no último dia 27. Gil afirmou ainda que não deixa o cargo para se dedicar exclusivamente à carreira artística, mas também à família.
Antes da reunião, Lula indicou que Gil deveria formalizar seu pedido de demissão. O presidente brincou que Gil teve “uma recaída” e deve retomar com mais intensidade a carreira artística. “Ele teve uma grande recaída: voltar a ser um grande artista. O Brasil não pode prescindir do Gilberto Gil só na política. Ele vai priorizar o que é importante”, disse.
“Agora está 2 a 1”
Ao estilo do presidente, o cantor usou uma metáfora futebolística para brincar com o fato de ter sido convencido a ficar no ministério nos dois mandatos. Gil disse que enfim conseguiu fazer um “gol” no presidente Lula. “Eu disse para o presidente que estava 2 a 0 para ele. Hoje fiz um gol. Foi 2 a 1, mas saí ganhando”, afirmou.
Gilberto Gil elogiou o desempenho de programas sociais e agrícolas do governo Lula e explicou que até poderia ceder a música “Refazenda”, sucesso de sua carreira, como “jingle” da gestão petista. “Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão”, citou um dos versos do sucesso de 1975 e um de seus mais importantes trabalhos, gravado após o exílio político.
“Hoje só deixo de assinar papéis, mas continuo tendo papéis por aí”, disse, lembrando que acabou de lançar o novo CD, Banda Larga Cordel.
Orçamento
Bem humorado, Gilberto Gil disse que a única coisa que achava que não havia sido completada em seus cinco anos e meio de governo foi a meta estabelecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para destinar 1% do orçamento geral do governo a projetos culturais.