A privatização do Sistema Telebrás permitiu aos brasileiros muito além de falar mais e melhor ao telefone. Aliás, a voz passou a ser detalhe. Com a entrada de empresas estrangeiras e o fortalecimento das nacionais, o investimento em redes ganhou musculatura. E a internet avançou. Primeiro, discada. Em seguida, a banda larga. A maior velocidade e o número de usários conectados impulsionaram a convergência dos serviços e criaram possibilidades. O dia-a-dia dos brasileiros mudou com o download de músicas, a exibição de vídeos e a telefonia por meio da internet, o VoIP, derrubando os preços do DDI, que já tinham caído em meio à guerra entre as telefônicas. Pelo celular, a nova geração de aparelhos chegou ao país, trazendo mobilidade a todos esses avanços.
Os celulares também se destacaram pelo fenômeno do pré-pago, que possibilitou a inclusão de uma classe que não podia pagar a conta. A telefonia fixa pegou carona e lançou opções mais econômicas, aumentando sua participação no setor de telecomunicações. A quantidade de números fixos saltou de 20 milhões, em 1998, para quase 42 milhões. O número de celulares subiu mais de 1.600%, de 7,4 milhões para 130 milhões. De cem mil pontos, a banda larga passou a 8,3 milhões.
Com a convergência, telefonia e internet vão avançar ainda mais. Para os especialistas, a tecnologia vai impulsionar as vendas de celulares com conexão à internet em alta velocidade. E recursos como o VoIP prometem ser a nova vedete em celulares e telefones públicos.
Especialistas destacam a implantação do WiMax (tecnologia sem fio que oferece banda larga a aplicações fixas, móveis e portáteis), que permitirá que cidades inteira se comuniquem sem um único cabo. Há ainda a LTE, a quarta geração da telefonia móvel. Para Manzar Feres, especialista em telecomunicação da IBM, as teles caminham para redes padronizadas e abertas:
– Significa que tudo será acessado de uma só rede, como novelas, serviços financeiros, voz fixa e móvel. A idéia veio da necessidade de se acessarem diferentes conteúdos em qualquer rede. Hoje os fornecedores de rede têm seu protocolo fechado. Seus equipamentos só funcionam em sua plataforma. As operadoras estão transformando as redes aos poucos. Em uma rede digital, é mais fácil jogar tudo.
Billy Souto, da Matrix Internet, que oferece telefonia pela rede, lembra que os pacotes mais básicos de velocidade de internet no Japão já são de cem megabytes por segundo. No Brasil, os mais caros chegam a quatro megabytes.
– Assistir à televisão no celular só será possível com mais velocidade. Os fabricantes de aparelhos já lançam modelos com processadores compatíveis com os computadores. Será necessário que as licenças sejam convergentes – afirma Marco Aurélio Rodrigues, presidente da Qualcomm.
Segundo Cesar S. Cesar, executivo da Hands, que desenvolve aplicativos para a telefonia celular, as operadoras móveis começam a se confundir com bancos, empresas de cartão de crédito e redes sociais, como Orkut e MySpace:
– A tecnologia e as telecomunicações alteram não somente o comportamento das pessoas, mas as diferentes indústrias.
Bruno Rosa O Globo
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