Quem é Barack Obama?
A pergunta que está sendo feita por muitos eleitores americanos, sobretudo os que tradicionalmente votam para os republicanos foi respondida pelo próprio candidato numa entrevista ao jornal The New York Times – “Eu sou como aquela mancha do teste de Rorschach: mesmo aqueles que me consideram uma decepção podem ganhar alguma coisa”.
Obama também se define como um liberal, mas que defende a regulação do Mercado financeiro. Quer negociar com os inimigos americanos, mas exige certa “preparação” para sentar-se à mesa. Fala com orgulho de sua origem biracial, enfatiza a união nacional contra divisões de raça ou de classe social, mas esteve 20 anos ligado a uma igreja que defende a teologia da libertação negra e que convive com sermões carregados de ressentimento racial.
Obama é alguém que escreveu sua primeira autobiografia aos 33 anos, e depois escreveu outra aos 44. Com apenas dois anos no Senado americano, ele anunciou sua candidatura nas primárias democratas, um feito que revela alguém muito decidido e também muito ambicioso.
Nos seus 17 meses em campanha, desde dezembro de 2006, Obama fez um discurso histórico sobre raça e política nos EUA, pela primeira vez reconhecendo o poder da miscigenação na formação das novas gerações de americanos, sobretudo no sentido de superar seculares divisões raciais.
Ninguém poderia prever que alguém que carrega o nome Houssein, frequentou uma madrassa por cinco anos na Indonésia, tendo como padrasto um homem muçulmano poderia ser a nova face da politica Americana, depois de oito anos de governo Bush.
Mas quando Obama discursar como candidato do Partido Democrata na convenção em agosto em Denver, Colorado, haverá um intervalo de 40 anos entre este discurso e aquele que tornou famoso Martin Luther King ao visumbrar uma nova America do alto de uma montanha. A eleição de novembro e a disputa contra o republicano John McCain não serão tarefas simples e muito menos fáceis.
Mas Obama já provou que pode conquistar o que muitos antes diziam ser impossível. Saindo-se vencedor da mais disputada série de primárias dos últimos 30 anos na história Americana, Obama tornou-se a maior aposta dos 36 milhões de eleitores americanos que votaram nas prévias democratas para mudar o seu país e a imagem dos EUA diante do mundo.
Marília Martins