Na metade de seu novo show, “Obra em progresso” – no Vivo Rio -, Caetano Veloso ( na foto com Ildi Silva, Caetano Veloso e Paula Lavigne) exumou uma linda e esquecida composição sua, de 1976, chamada… “Três travestis”. A platéia lotada não resistiu e veio abaixo, às gargalhadas. A ponto de o supercantor ter de parar a apresentação.
– Vou começar de novo e depois a gente comenta a história… – avisou, bem-humorado como no resto da noite enfeitada por música da melhor qualidade.
Muito além do noticiário que a tornou atual, “Três travestis” é linda de morrer.
Depois, o gênio baiano da MPB desandou a falar sobre o bafafá de Ronaldo Fenômeno com os travestis num motel da Barra. Explicou primeiro que, sim, a música – feita para Ney Matogrosso, mas gravada por Zezé Motta – entrou no roteiro para dar o “aspecto jornalístico do show”. E foi em frente:
– Ronaldo não tem que pedir desculpa, não tem que pedir perdão. Qual é o problema? A vida é bonita e complexa, não tem que dar explicação para nós. O que aconteceu lá dentro, a parte íntima, não interessa a ninguém. Só a ele e à namorada, que eu espero que o perdoe – defendeu Caetano. – Sem querer desmerecer as outras três pessoas envolvidas, Ronaldo tem toda a razão quando disse que não quis pagar porque estava sendo ameaçado. Quem diz isso é craque!
Por fim, Caetano celebrou a beleza de sua canção, que, pelas rimas, chamou de poesia, e garantiu se tratar não de ironia, mas de homenagem:
– O futebol de Ronaldo é poesia e a poesia tem que se impor!
Quer conhecer a música que Caetano Veloso cantou em seu show para homenagear Ronaldo Fenômeno? Não seja por isso.
Na voz de Zezé Motta, aqui está “Três travestis”.
Ancelmo Goes