A maioria dos moradores de rua nas grandes cidades brasileiras é formada por homens, exerce atividade remunerada, sabe ler e escrever e não recebe benefícios sociais do governo, nem mesmo o Bolsa Família. Pela primeira vez, uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome retratou essa população, que costuma ser excluída até dos censos tradicionais. Segundo o estudo, divulgado ontem, 70,9% dos entrevistados tinham atividade econômica e só 15,7% sobreviviam pedindo dinheiro.
O levantamento foi feito em 71 cidades — 23 capitais, incluindo o Rio, e outros 48 municípios com mais de 300 mil habitantes. A dimensão nacional do estudo, porém, acabou prejudicada, porque quatro capitais foram excluídas: São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. Além disso, os pesquisadores só entrevistaram moradores de 18 anos ou mais, deixando de lado os menores.
A Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua constatou que 31.922 pessoas viviam nessa situação nas 71 cidades, o equivalente a 0,061% dos habitantes desses municípios. O Rio era a cidade com maior número absoluto de moradores de rua — 4.585 (0,080%) —, seguido por Salvador, com 3.289 (0,110%), e Curitiba, com 2.776 (0,150%). O estudo foi feito de agosto de 2007 a março de 2008.
O Globo